Visitei o túmulo do papa Francisco no 1º dia após o funeral
O túmulo do Papa Francisco é um convite para as pessoas se conectarem com a fé, a religião ou as suas crenças particulares.
O papa insistiu muito para ter um túmulo relativamente simples, claro, sem nada rebuscado. Essa simplicidade ajuda os visitantes a focar no que realmente interessa, naquilo que realmente é importante para elas. Não nos adornos, nas coisas opulentas que acabam desviando muitas vezes as pessoas das suas próprias prioridades, das coisas que realmente importam na vida.
Visitei o túmulo do papa Francisco, na Basílica de Santa Maria Maggiore, no fim da noite deste domingo (27), no primeiro dia de visitas do público. Fui um dos últimos a entrar na igreja, bem perto das 9 horas da noite, quando a fila se encerrou.
Aproveitei a oportunidade, com pouca gente na fila, e decidi fazer a visita não como jornalista atrás de alguma informação particular, mas como um cidadão normal, como uma pessoa que tem alguma fé, em alguma coisa.
E o túmulo é realmente impressionante. Ele não é exatamente simples, já que é feito de mármore da Ligúria, mas foca no que é o essencial.
Dentro da basílica, os fiéis adotaram um tom solene. Acredito que justamente porque a maioria deles conseguiu fazer essa conexão com os seus sentimentos, com eles mesmos.
Eu adoraria dizer que pensei, dentro da igreja, na paz no mundo, no combate à desigualdade ou em outros pontos que eram tão caros para o papa Francisco. Mas pensei mesmo na minha família, inclusive nos meus antepassados.
Também pensei nos amigos e em pessoas queridas. Nestes momentos em que os sentimentos afloram, cada um acaba se conectando com as coisas que são mais importantes para sua vida.
Todos os visitantes entram na basílica pela Porta Santa, que fica à esquerda da construção. Todas as basílicas do Vaticano têm portas consideradas santas, que só são abertas em anos de Jubileu – como este 2025, o ano do Jubileu da Esperança, como decretado pelo próprio Francisco.
Este também foi um sentimento que tive no local: o da esperança. Talvez outras pessoas que visitaram o túmulo também tenham tido essa sensação.
Na frente da tumba, os guardas pediam que as pessoas não ficassem muito tempo paradas.
Respeitosamente, todos passavam e se dirigiam para a nave principal da basílica, onde muitos sentavam, oravam e faziam o sinal da cruz. Foi nesse local que passei alguns minutos refletindo.
Quando saí da basílica, fui testemunha de um momento especial: eram exatamente 9 horas da noite e os sinos começaram a tocar intensamente. Badalaram por vários minutos até atingir altos decibéis. Depois, o volume começou a diminuir, até o silêncio voltar lentamente.
Foi a última homenagem do dia ao papa Francisco.