Brasileiro diz à CNN que comprou casa onde papa nasceu a "preço de mercado"
Ponto de atração de turistas que procuram seguir os passos do papa Francisco em Buenos Aires, a casa onde o pontífice argentino nasceu, no bairro portenho de Flores, é habitada pelo paulistano Fernando Oliveira há cerca de dois anos.
“Compramos a preço de mercado”, disse à CNN sobre a compra da propriedade. “Eu e minha esposa estávamos procurando uma casa para comprar, viemos visitar e quando chegamos na porta, vimos a placa e descobrimos que era a casa onde o papa nasceu”, contou.
Oliveira, que trabalha com controle sanitário de alimentos, vive na Argentina desde 1991. Ele, a esposa e os dois filhos moram em uma das três casas que compõem a propriedade da rua Varela, no número 268, onde o papa nasceu, em 1936.
Há versões divergentes sobre se, na época, o local era somente uma moradia, ou já dividida em três, como atualmente. O papa Francisco morou no local até os cinco anos, quando se mudou para uma casa na rua Membrillar, que foi declarada patrimônio, também no bairro de Flores.
Apesar de estar identificada com uma placa que indica que o pontífice nasceu no local, a propriedade da rua Varela não é tombada. Organizações como a “Basta de Demoler” ("Chega de Demolir", em português) pedem que a Legislatura portenha -- Assembleia Legislativa da cidade -- a declare como patrimônio histórico, para protegê-la de uma eventual demolição ou reforma.
A vice-presidente da Organização, María Carmen Arias Usandivaras, afirma que na próxima semana, se reunirá com vereadores portenhos para solicitar o tombamento da propriedade.
“É muito perigoso, pela importância que o papa Francisco teve, que esse local não tenha proteção. A Legislatura precisa mudar isso com uma lei”, diz Usandivaras à CNN, lembrando que a casa do escritor argentino Jorge Luis Borges, ícone da literatura argentina, não estava tombada e acabou demolida.
À CNN, uma fonte da área de Desenvolvimento Urbano da prefeitura de Buenos Aires explicou que por ter sido construída antes de 1941, a propriedade foi avaliada pelo Conselho Assessor de Assuntos Patrimoniais da cidade em 2010.
À época, o então arcebispo argentino Jorge Mario Bergoglio ainda não tinha virado papa, e a avaliação era de que a propriedade não tinha valor arquitetônico suficiente para o tombamento. Mas agora, com o valor histórico que adquiriu por ser o local de nascimento do papa argentino, a situação poderia ser reavaliada.
Cada vez mais turistas passam pela porta da propriedade, no bairro de Flores. Os visitantes fotografam o local, fazem o sinal da cruz e conversam com vizinhos do bairro pedindo mais informações sobre a história da casa.
Oliveira, que não é religioso, diz não se importar: "As pessoas tiram foto com a placa, fazem comentários, mas não temos problemas. Em geral fazem isso com respeito e não são de incomodar", conclui.