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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Em carta, empresários criticam falta de planejamento do governo no Plano Clima; veja íntegra

    Na carta, as entidades pedem engajamento do setor privado no debate

    Um grupo de entidades representativas do agronegócio brasileiro encaminhou ao governo federal uma carta na qual criticam a forma como o governo brasileiro promove a revisão da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para os anos de 2031-2035 e do Plano Clima.

    As NDCs são as metas e os compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) assumidos por cada país que assinou o Acordo de Paris. O Plano Clima é o conjunto de medidas a serem adotadas pelo governo federal para combater as mudanças climáticas. Sua elaboração é conduzida pelo Ministério de Meio Ambiente da ministra Marina Silva.

    Na carta, as entidades pedem engajamento do setor privado no debate.

    “O processo estabelecido não indica que o Governo Federal busca utilizar a formulação da NDC e do Plano Clima como ferramenta de planejamento. Para este grupo, o processo se assemelha a outros momentos no qual foi empregado grande esforço para apresentação de um número, mas sem qualquer intenção de engajar os setores que serão responsáveis por reduzir a intensidade das emissões de GEEs na economia brasileira.

    Diz ainda que “é preciso repensar o processo estabelecido permitindo aos setores econômicos proporem metas setoriais como insumos para o estabelecimento das metas globais do Brasil”.

    “Mudando o processo, a formulação da NDC e do Plano Clima ganhará o status que merece, ou seja, de direcionador das práticas, tecnologias e insumos que deverão ser adotados visando atingir a neutralidade futura”, afirmam.

    O grupo diz que “o primeiro pedido deste grupo é que o governo brasileiro altere o processo decisório, chamando, primeiramente, os setores da economia brasileira para apresentar inventários e metas de redução de emissões antes do estabelecimento da NDC 2031-2035”.

    A carta foi encaminhada aos ministérios de Meio Ambiente, Casa Civil, Agricultura e Ciência e Tecnologia.

    Assinam o documento a Eduardo Bastos, da Associação Brasileira do Agronegócio; ABIEC – Fernando Sampaio, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec); André Nassar da Associação Brasileira da Indústtia de Óleos Vegetais (Abiove); Luiz Roberto Barcelos da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados; Victor Almeida da Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma; José Carlos Fonseca da Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel); André Schwening do Grupo Associado de Pesquosa do Sudoeste Goiano; Paulo Hartung da Indústria Brasileira de Árvores ; Fabiana Alves do Rabobank; Sergio Bortolozzo da Sociedade Rural Brasileira; Pedro de Camargo Neto e Marcello Brito, empresários do agronegócio.

    Eles afirmam “é fundamental que todo trabalho feito tenha sua metodologia aberta e transparente” e que “os setores da economia e sociedade que serão impactados por estes planos precisam compreender tal metodologia”.

    As entidades do setor declaram que “é essencial ter uma visão integrada de todos os setores – agropecuária, energia, processos industriais, tratamento de dejetos – para compreender os esforços que deverão ser adotados em cada setor” e que “a nova meta não deve ser desalinhada ao potencial de redução de emissões que o Brasil poderá empreender até 2035, sob pena de jogar pesos desproporcionais em certos setores”.

    Ao final, coloca-se à disposição do governo para o diálogo.

    “Este grupo está preparado para contribuir com a construção de um Plano Clima ambicioso e alinhado à implementação de ações climáticas nos setores de uso da terra, agropecuária e de energia. Ressaltamos que as novas metas precisam embasar a transição da economia brasileira, pautadas pelo viés de implementação efetiva, que permita construir soluções que movam a economia, dentro dos cenários decorrentes das mudanças climáticas e que promovam a inserção do Brasil nos mercados mundiais”, conclui.

    A CNN procurou a assessoria da ministra Marina Silva, que coordena o grupo interministerial que trata do Plano Clima, mas ela não respondeu.

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