Clarissa Oliveira
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Clarissa Oliveira

Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

Bolsonarismo dobra aposta na tese da perseguição e tenta descreditar depoimentos à PF

Sem pretensão de obter resultados concretos na esfera jurídica, estratégia pretende dar resposta política ao indiciamento e ativar a base bolsonarista com a ideia de apresentar o ex-presidente como uma espécie de mártir

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Na esperança de amenizar o impacto do indiciamento pela fraude em cartões de vacinação, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiram dobrar a aposta na tese da perseguição política. A ordem é lançar dúvidas sobre o relatório da Polícia Federal e descreditar os depoimentos que serviram de base para o indiciamento.

Sem pretensão de obter resultados concretos na esfera jurídica, a estratégia pretende dar uma resposta política ao indiciamento e ativar a base bolsonarista com a ideia de apresentar o ex-presidente como uma espécie de mártir.

Há duas narrativas difundidas pelos aliados do ex-presidente. A primeira, é que os depoentes teriam supostamente mentido para se livrar de eventuais acusações, apontando o dedo para o ex-presidente.

A segunda é investir na versão de que o relatório supostamente teria sido distorcido, deixando de retratar o real da fala dos depoentes.

Fiel aliado de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) reforçou o coro nas redes. “Em reunião no Planalto, o presidente Bolsonaro recebeu comitiva de marcianos e orquestrou um golpe na lua, com apoio da extrema-direita de Plutão. Pronto: mais um testemunho comprometedor. Com exatamente a mesma veracidade de todos os demais”, ironizou o senador.

Nos bastidores, um alvo preferencial nos bastidores é Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A teoria difundida pelos bolsonaristas é que o próprio tenente-coronel não reconheceria no relatório o que de fato de disse à PF.

O advogado de Cid, Cezar Bittencourt, rechaça veementemente a tese. À CNN, o criminalista assegurou que o relatório da investigação é fiel às declarações do militar à Polícia Federal.