Clarissa Oliveira
Blog
Clarissa Oliveira

Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

Governistas veem Bolsonaro acuado e apostam em “estratégia de silêncio”

Estratégia entre aliados do presidente Lula é moderar tom das críticas diante de indiciamentos e manter discurso em favor da presunção de inocência

Ex-presidente Jair Bolsonaro  • 25/03/2024REUTERS/Amanda Perobelli
Compartilhar matéria

À espera de novos indiciamentos contra Jair Bolsonaro, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que o ex-presidente tem se mostrado “acuado” diante do avanço das investigações que pesam contra ele. Ainda assim, a ordem é moderar o tom das críticas.

Segundo fontes do meio jurídico ligadas ao governo e ao PT, há uma preocupação em manter um discurso cauteloso diante das denúncias.

A ideia é que Lula, ministros e outros líderes governistas tenham em mente uma narrativa que contemple a presunção de inocência. O plano é dizer que deve ser dado a Bolsonaro o direito de se defender.

Para advogados com trânsito livre no Palácio do Planalto, as manifestações discretas de Bolsonaro diante de seu indiciamento no caso das joias refletem o cerco fechado contra o ex-presidente.

A avaliação é que Bolsonaro estaria adotando uma “estratégia de silêncio” para não se comprometer mais diante com as acusações.

A discrição de Bolsonaro vem após a divulgação do relatório da Polícia Federal sobre o caso das joias. O documento esvaziou boa parte do discurso de defesa do ex-presidente. Até os detalhes da investigação virem a público, o time bolsonarista vinha investindo na tese de que qualquer negociação das joias teria ocorrido por “excesso de iniciativa” de Mauro Cid e outros auxiliares do ex-presidente, sem que ele tivesse conhecimento.

O relatório aponta que Jair Bolsonaro trocou mensagens a respeito de um leilão de um dos presentes e conclui que ele teria recebido dinheiro em espécie resultante da venda das joias.

No fim da tarde de ontem, a defesa de Bolsonaro divulgou um novo pedido de acesso aos autos da investigação.

A expectativa, entretanto, segue sendo a de que o Supremo negue mais uma vez a demanda, por enxergar risco de comprometimento das demais investigações que correm contra o ex-presidente.