Clarissa Oliveira
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Clarissa Oliveira

Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

Humberto Costa terá missão de pacificar crise interna no PT

Senador foi escolhido pela Executiva Nacional da sigla para substituir Gleisi Hoffmann

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Escolhido para assumir interinamente o comando do PT, o senador Humberto Costa (PT-PE) terá, como principal tarefa, pacificar a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), ala majoritária da legenda. A missão, monitorada de perto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é tida como determinante para a escolha definitiva da direção partidária e o processo eleitoral de 2026.

Humberto Costa teve o nome aprovado pela Executiva Nacional do PT para substituir interinamente Gleisi Hoffmann, que deixará a presidência do partido para assumir uma cadeira na Esplanada. O senador já havia tido o nome aprovado pela corrente Construindo um Novo Brasil.

Na prática, o aval da CNB já fazia com que Humberto Costa estivesse virtualmente eleito presidente interino. Isso porque o racha na corrente era, até agora, o maior empecilho para a definição do nome que substituirá Gleisi até o fim do mandato, que se encerra em julho.

A CNB é a corrente integrada pelo próprio Lula dentro do PT. Esse grupo – antes conhecido como Campo Majoritário - está atualmente rachado: uma ala é mais alinhada a Gleisi Hoffmann e gostaria de se manter no comando da sigla; outro grupo defende a indicação de Edinho Silva como novo presidente do partido.

A ala de Gleisi queria emplacar José Guimarães (PT-CE) como presidente interino. Costa, entretanto, se beneficiou pelo perfil conciliador e pelo trânsito em vários grupos da legenda. O nome dele foi bem recebido por aliados de Edinho, que enxergam, no senador, um quadro bastante alinhado a Lula e disposto a seguir as orientações do presidente sobre a eleição interna. Já o grupo da nova ministra torce para construir, no senador, uma alternativa para assumir definitivamente o comando da sigla, preservando parte da influência na direção partidária.

Edinho Silva tem o apoio de Lula para presidir o PT. E, uma vez confirmada, a eleição o colocará no comando também dos preparativos para a eleição presidencial do ano que vem. Uma das condições apresentadas pelo ex-prefeito de Araraquara a Lula, para concorrer, é que tenha autonomia para preencher cargos de confiança na Executiva Nacional.

Lula, de acordo com relatos, endossou o pleito do ex-prefeito.

O grupo de Gleisi, no entanto, resiste. Para aliados da deputada federal e futura ministra, a indicação para comandar a Secretaria de Relações Institucionais pode até ajudar a virar o jogo na eleição pelo comando do PT. Além de tentarem trabalhar nomes alternativos para a presidência, o grupo mantém, como pano de fundo da briga, a formação da nova direção. Essa ala comanda, atualmente, cargos estratégicos na Executiva Nacional, como, por exemplo, a Secretaria de Finanças, hoje nas mãos de Gleide Andrade.