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    Débora Bergamasco
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    Débora Bergamasco

    Débora Bergamasco é jornalista, com passagem pelas redações de Estadão, Folha, O Globo, Época, IstoÉ e SBT

    Brasil rejeita Nova Rota da Seda, mas fala em “sinergias” com projeto chinês

    Governo brasileiro escolheu quatro programas para aprofundar parcerias com Iniciativa Cinturão e Rota

    O Brasil resistiu à pressão da China e negou sua entrada na Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), o megaprojeto também conhecido como Nova Rota da Seda, que distribui recursos em grandes obras de infraestrutura para ampliar a influência chinesa no mundo.

    Não será, entretanto, uma rejeição taxativa. Os dois países devem enfatizar, nas declarações resultantes do encontro nesta quarta-feira (20) entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Xi Jinping no Palácio da Alvorada, o estabelecimento de “sinergias” entre programas brasileiros e o BRI.

    O objetivo, em ambas as diplomacias, é permitir um discurso palatável tanto em Brasília quanto em Pequim.

    Do lado de cá, pode-se manter o discurso de que o Brasil prefere manter certa equidistância entre as grandes potências globais e não depositar todos os ovos na mesma cesta, sem aderir à Nova Rota da Seda.

    Do lado de lá, a China poderá sustentar a ideia de que a maior economia da América Latina intensificará suas relações com a BRI, mesmo não se tornando um de seus mais de 120 integrantes.

    As “sinergias” se darão em torno dos seguintes projetos brasileiros estruturantes que devem receber investimento chinês:

    • Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sob comando do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
    • Plano de Transformação Ecológica, encabeçado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
    • Nova Indústria Brasil (NIB), programa gerido pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
    • Rotas de Integração Sul-Americana, vedete do Ministério do Planejamento, chefiado por Simone Tebet.

    O projeto das “sinergias” acaba sendo uma espécie de “meio-termo” entre a adesão do Brasil (desejada pela China) e a resistência do governo brasileiro em aderir ao plano chinês.

    De acordo com fontes envolvidas nas negociações, o Brasil desfruta de uma posição grande e estratégica demais para embarcar no projeto de Xi Jinping e ter sofrer como consequência a interpretação de que tomou parte do eixo geopolítico comandado pela China, em detrimento de suas relações com os Estados Unidos.

    O Brasil está fazendo um engenharia para não perder a chance de receber novos investimentos da China, ao mesmo tempo em que quer manter a posição de neutralidade nas disputas comerciais e políticas entre americanos e chineses.

    Não por acaso o Brasil anunciou, na terça-feira (19), um mega-acordo de transição energética com presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à margem da reunião de cúpula do G20, e no dia seguinte deve firmar essa nova parceria com a China.

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