Débora Bergamasco
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Débora Bergamasco

Débora Bergamasco é jornalista, com passagem pelas redações de Estadão, Folha, O Globo, Época, IstoÉ e SBT

Por que a festa de Zé Dirceu reuniu a nata da política brasileira?

Lira, Haddad, ministros de Estado, parlamentares, presidentes de estatais, advogados celebraram aniversário do petista

O ex-ministro José Dirceu comemora o seu aniversário de 78 anos ao lado dos filhos Maria Antônia, a mais nova, e Zeca Dirceu, o mais velho, deputado federal, em uma casa do Lago Sul, bairro nobre de Brasília.
O ex-ministro José Dirceu comemora o seu aniversário de 78 anos ao lado dos filhos Maria Antônia, a mais nova, e Zeca Dirceu, o mais velho, deputado federal, em uma casa do Lago Sul, bairro nobre de Brasília.  • Vera Rosa/Estadão Conteúdo
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Muita gente ficou se perguntando como e por que o ex-ministro José Dirceu conseguiu reunir grande parte da nata da política brasileira em sua festa de 78 anos, na última quarta-feira (13), em Brasília.

O evento não necessariamente marca sua volta à política, pois por apenas breves momentos dela ele se afastou.

Desde que foi condenado em 2012, na ação penal 470, a do mensalão, José Dirceu passou a operar apenas nos bastidores, com discrição. Mesmo enquanto esteve preso.

Mais de uma década depois, este foi seu primeiro chamamento da classe política para endossar sua reabilitação pública. E foi atendido em peso. Por deferência, respeito, admiração, amizade, espírito de corpo, perspectiva de poder. Outros tantos cumpriram o beija-mão para serem vistos por quem foi ver Dirceu.

Recebeu os abraços do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), de ministros de Estado (Fernando Haddad, da Fazenda, Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, Nísia Trindade, ministra da Saúde e mais sete deles). Também do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de líderes no Congresso, de dezenas de parlamentares e de advogados.

O aniversariante foi tratado como futuro candidato a deputado federal pelo PT em São Paulo. Para isso, precisa conseguir anular processos remanescentes e recuperar seus direitos políticos para concorrer em 2026.

Dirceu já foi considerado uma das pessoas mais poderosas do Brasil, quando era ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula 1, a partir de 2003.

Hoje, dialoga com ministros, lideranças do governo, da oposição e, especialmente, com a militância de esquerda, pela qual é considerado um herói que não verga.

Conforme fontes consultadas pela CNN, ele não frequenta Lula. Quando precisa falar, manda recado. Às vezes é ouvido, mas ainda não é possível classificá-lo como um conselheiro efetivamente.

Embora Lula engate movimentos para resgatar figuras-chave do passado, como o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, não parece estar nos planos do presidente abrigar novamente o amigo em seu governo.

Nunca mais foram vistos juntos. Mas com a história recente da política se metamorfoseando – vide a revisão da Lava Jato --, não será impossível que os dois ainda se sentem para tomar um bom vinho.

Mas tem que ser branco. É que desde que Dirceu teve o câncer no rim, em 2020. Destilados, cerveja e vinho tinto já não lhe caem bem.