Vieira e Rubio deixam Bolsonaro fora de conversa na Casa Branca
Julgamento do ex-presidente e atuação do ministro Alexandre de Moraes não foram citados pelo secretário de Estado americano
O secretário do Departamento de Estado americano, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, não mencionaram, na parte reservada da reunião que tiveram na Casa Branca, o nome, o julgamento ou a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo fontes do governo brasileiro ouvidas pela CNN Brasil.
Rubio e Vieira se reuniram na tarde de quinta-feira (16) em Washington.
Na avaliação de integrantes do governo, o fato de Bolsonaro ter sido ignorado, mais uma vez, reforça o que parece ser um início de descontaminação política, embora admitam a imprevisibilidade do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na carta que o republicano havia enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em julho, anunciando a taxação extra de 40% aos produtos brasileiros, a justificativa número um para a sanção tarifária, que somou 50%, era o julgamento do ex-presidente Bolsonaro.
Depois disso, diversas autoridades da gestão Trump - incluindo Rubio - publicaram ou proferiram críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o influenciador Paulo Figueiredo estiveram no Departamento de Estado, na quarta-feira (15), véspera da reunião entre Vieira e Rubio.
Essa informação circulou entre a comitiva brasileira, que chegou a temer que a bilateral com o ministro e o secretário pudesse ser desmarcada.
Ficou o trauma do que aconteceu em agosto, quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia anunciado uma conversa telefônica com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mas o contato acabou cancelado pelo americano.
Na ocasião, ao em vez de falar com Haddad, Bessent encontrou-se pessoalmente com Eduardo e Figueiredo, na capital americana.
Na quinta-feira (16), Eduardo publicou em suas redes sociais que "tudo o que o Brasil pediu, não conseguiu nada (...) isso aí mostra o que sempre falamos, que os EUA estão preocupados com as questões políticas no Brasil".
O deputado afirmou também que, segundo a imprensa americana, Rubio teria dito a Vieira sua preocupação sobre a garantia de eleições limpas e transparentes no Brasil e o fim do lawfare (guerra jurídica).
Moraes
Assim como Bolsonaro, o ministro do STF Alexandre de Moraes também não foi mencionado nominalmente.
Entretanto, o chanceler brasileiro divulgou que, durante o encontro, falou sobre a necessidade de que os embargos americanos contra o Brasil a partir de julho sejam derrubados.
O período coincide com a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes e a esposa, Viviane Barsi, além do cancelamento de vistos de diversas autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário brasileiros.
No curto prazo, os negociadores brasileiros têm como objetivo derrubar as sanções políticas e tarifárias aplicadas contra o Brasil pela gestão Trump.
No prazo de um ano, o governo brasileiro trabalha para garantir que não haja tentativa de interferência dos EUA nas eleições de 2026.