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    Débora Oliveira
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    Débora Oliveira

    Certificada pelo Programa B3 de Formação Continuada em Mercado de Capitais para jornalistas com atuação em grandes emissoras, como SBT, Band e RedeTV, e analista de economia sem economês

    CNN Brasil Money

    Empresas aumentam aplicações financeiras para garantir caixa em cenários de juros altos e câmbio elevado

    Marfrig lidera a lista com 75,86% do caixa em aplicações financeiras, revela estudo

    No universo corporativo, a gestão do caixa é uma peça central para definir as estratégias de crescimento e sobrevivência, especialmente em cenários econômicos desafiadores. Recentemente, grandes empresas da B3, como Marfrig, Minerva, Suzano e Petrobras, se destacaram por alocar bilhões de reais em aplicações financeiras, de acordo com um levantamento feito pela consultoria Elos Ayta que o blog teve acesso com exclusividade.

    Os números mostram que a Marfrig lidera a lista, com impressionantes 75,86% de seu caixa em aplicações financeiras, seguida por Minerva (66,89%), Suzano (66,04%) e Petrobras (39,15%). Embora o valor absoluto do caixa da Petrobras (R$ 30 bilhões) seja o maior, sua proporção destinada a investimentos financeiros é a menor entre essas empresas.

     

     

    Para Einar Rivero, analista da Elos Ayta, esse movimento pode ser visto como uma busca por segurança em um cenário de incertezas econômicas ou uma tentativa de obter retornos superiores ao que suas operações proporcionam atualmente.

    “No caso de Marfrig e Minerva, cujos índices EBIT/Dívida Bruta (9,02% e 8,65%, respectivamente) estão abaixo da taxa Selic (11,25%), as aplicações financeiras aparecem como uma estratégia para compensar a baixa rentabilidade operacional”, explica o especialista. Por outro lado, a Suzano e a Petrobras apresentam indicadores mais saudáveis, com EBIT/Dívida Bruta de 16,44% e 50,80%, respectivamente.

    “Nessas empresas, a alta liquidez parece mais relacionada as estratégias de segurança e flexibilidade financeira do que a necessidade operacional imediata”, diz Einar.

    O mesmo levantamento mostra que ao comparar o caixa e o valor de mercado, a Marfrig e a Minerva têm caixa equivalente a 1,19 e 4,89 vezes os seus valores de mercado, respectivamente. Na visão do especialista em dados financeiros do mercado, isso pode ser um sinal de que o investidor está subvalorizando essas empresas.

    Já para o head de agro, alimentos e bebidas da XP Investimentos, Leonardo Alencar, que acompanha de perto o setor de frigoríficos, nos casos como o da Minerva ou da Marfrig, que são empresas cíclicas, elas realmente costumam carregar mais caixa do que seria normal e esse caixa geralmente está investido, como mostra a Elos Ayta.

    “Essa é uma forma dessas empresas gerarem mais conforto para o investidor, já que independente do momento (com margens boas ou ruins, com menor ou maior alavancagem), as companhias têm caixa garantido para o pagamento das dívidas no longo prazo”, diz.

    Nos casos da Suzano e da Petrobras, o levantamento da consultoria mostra que os valores de mercado são superiores ao caixa, o que pode ser um reflexo da maior confiança dos investidores em suas perspectivas de longo prazo.

    Apesar disso, empresas com caixa superior ao valor de mercado enfrentam um outro dilema: usar o excedente em iniciativas como recompra de ações ou dividendos, gerando valor imediato para os acionistas.

    Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimento, acredita que empresas exportadoras como as citadas no estudo, deixam maior dinheiro em caixa por estratégia de proteção cambial.

    “Neste séculos vimos grandes companhias quebrarem de uma semana para a outra diante de uma grande oscilação cambial. Esse ano mesmo são 25% de desvalorização da moeda. No Brasil se fala muito do investimento das pessoas físicas, mas muitas empresas também não sabem organizar suas finanças. Quanto mais alta a Selic, mais interessante será aplicar esse caixa, do que investir em algum projeto”, conclui Gustavo.

    Para a Elos Ayta, as estratégias de gestão de caixa dessas grandes empresas refletem uma busca por equilíbrio entre liquidez e rentabilidade em um cenário de taxa Selic elevada.

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