Lucro de empresas da B3 sobe 53% no 3º trimestre de 2024
Mesmo com aumento expressivo no lucro, crescimento do endividamento requer atenção, diz especialista
O terceiro trimestre de 2024 foi marcado por um desempenho notável das empresas não financeiras listadas na B3.
Um balanço feito pela Elos Ayta Consultoria, antecipado com exclusividade para a CNN, analisou 297 companhias (excluindo a Americanas para evitar distorções) e mostra que o lucro consolidado desse segmento registrou um avanço impressionante de 53% em comparação ao mesmo período de 2023.
Um desempenho marcante, com crescimento expressivo nos lucros e na geração de caixa, além de sinais de eficiência operacional.
Veja os principais destaques da análise:
Receitas e custos sob controle
As receitas alcançaram R$ 1,08 trilhão, um crescimento de 12,03%. O aumento dos custos, em linha com as receitas, foi de 12,86%, totalizando R$ 796,9 bilhões. Essa estabilidade sugere controle eficiente sobre a produtividade, mantendo uma margem competitiva brutal, com queda ao nível de 0,54 pontos percentuais.
Esse cenário reflete gestões operacionais focadas na eficiência e no controle inflacionário dos custos variáveis. Empresas mais produtivas, capazes de evitar pressões nos custos, preservar margens essenciais para enfrentar as oscilações do mercado.
Lucro operacional e eficiência
O lucro operacional (EBIT) somou R$ 188,5 bilhões, um salto de 22,09%. Isso foi impulsionado, segundo a consultoria, por uma redução de 7,37% nas despesas operacionais, reforçando ganhos de eficiência e controle de custos fixos.
Com isso, a margem EBIT cresceu 1,43 p.p, evidenciando a capacidade das empresas de maximizar a rentabilidade operacional em um ambiente mais desafiador.
Alívio nas despesas financeiras e impactos cambiais
Os resultados financeiros também apresentaram sinais de melhoria, com redução de 29,63% nas despesas, encerrando o trimestre em R$ -46,5 bilhões.
A queda de 1,99% no dólar PTAX contrastou com a valorização de 3,91% registrada em 2023, beneficiando empresas exportadoras e a transferência de custos financeiros atrelados à moeda estrangeira.
Lucros e dividendos em alta
O lucro líquido totalizou R$ 103,5 bilhões, refletindo o impacto da eficiência operacional e da redução nas despesas financeiras. Além disso, a distribuição de dividendos investiu R$ 148,5 bilhões, um aumento expressivo de 228,05%, com destaque para Petrobras e Vale, que juntas adicionaram R$ 56,2 bilhões.
Essa política reforça, de acordo com a análise, o compromisso das empresas em gerar retorno ao acionista. Mas também provoca questionamentos sobre o equilíbrio entre reinvestimentos e distribuição de lucros.
Endividamento e liquidez
Apesar do endividamento bruto ter subido 10,33%, alcançando R$ 2,27 trilhões, o caixa das empresas aumentou 14,63%, totalizando R$ 736,5 bilhões.
Esse reforço de liquidez, segundo o estudo, pode indicar uma estratégia preventiva para lidar com incertezas econômicas ou aproveitar oportunidades futuras de crescimento.
Rentabilidade e sustentabilidade
Embora a margem líquida tenha avançado 2,57 p.p, o levantamento mostra que a margem bruta apresentou leve recuo (-0,54 p.p). O retorno sobre o patrimônio (ROE) também registrou uma queda marginal, de 15,85% para 15,56%, indicando estabilidade na rentabilidade geral.
Para Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, “o terceiro trimestre de 2024 reafirma o esforço das empresas não financeiras da B3 em equilibrar eficiência operacional, geração de caixa e retorno ao acionista”.
O especialista conclui que o controle de custos e a redução de despesas financeiras foram cruciais para sustentar os lucros, enquanto o aumento nos dividendos reforça a atratividade do mercado brasileiro para investidores. Por outro lado, Einar observa que o crescimento do endividamento requer atenção.
“A capacidade das empresas de manter margens robustas e aproveitar oportunidades de crescimento será determinante para os resultados futuros em um cenário de juros elevados e desafios econômicos globais”, diz.