Fernando Nakagawa
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Fernando Nakagawa

Repórter econômico desde 2000. Ex-Estadão, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Paulistano, mas já morou em Brasília, Londres e Madri

Galípolo e a estratégia de Meirelles

No primeiro governo Lula, ex-banqueiro surpreendeu ao iniciar gestão do BC com alta dos juros

Gabriel Galípolo, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC)
Gabriel Galípolo é indicado pelo governo para comandar BC  • Diogo Zacarias/MF
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O primeiro mês do primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem tinha acabado e o então recém-empossado presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, comandou uma reunião histórica: a primeira em um governo petista.

E a decisão pegou muita gente de surpresa: a taxa Selic subiu de 25% para 25,5%. A reação do mundo político foi de espanto. Mas no mundo financeiro, o começo econômico de Lula não poderia ser melhor.

A alta da taxa Selic — que aconteceu novamente na segunda reunião de Meirelles — foi considerada um sinal de independência e atuação técnica do BC. Até porque a inflação preocupava na época.

Mais que uma decisão técnica, o gesto foi encarado como político. Meirelles mostrou que o primeiro banqueiro central em gestão petista tinha independência e falaria a mesma língua do mercado.

Muitos citam o movimento como uma "construção" de credibilidade. Críticos falam em "compra" de credibilidade.

Duas décadas se passaram. A economia do Brasil tenta ganhar tração e um novo indicado pelo mesmo presidente Lula é anunciado.

Gabriel Galipolo já mostrou que é sério e tem capacidade para o cargo. A desconfiança do mercado financeiro parece ter diminuído à medida que o então diretor do BC era conhecido.

Será que Galipolo precisa usar a mesma estratégia de Meirelles em 2003? Acho que não.

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