Fernando Nakagawa
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Fernando Nakagawa

Repórter econômico desde 2000. Ex-Estadão, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Paulistano, mas já morou em Brasília, Londres e Madri

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IA estará nos óculos, anéis e até ouvido, promete indústria da tecnologia

Processadores e aplicações estão sendo desenvolvidos para que a inteligência artificial esteja embarcada em equipamentos usados no dia-a-dia

Hoje, a Inteligência Artificial se concentra especialmente nos grandes datacenters ou na nuvem  • Ilustração gerada por IA
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A internet já está em todos os lugares. Agora, a indústria da tecnologia trabalha para que a inteligência artificial também esteja. A promessa é que, com a IA por toda parte, a vida será mais fácil e produtiva.

Hoje, a IA se concentra especialmente nos grandes datacenters ou na nuvem. Ainda que os usuários finais usem plataformas como o ChatGPT, o processamento acontece basicamente na megaestrutura das big techs, como OpenAI ou Microsoft.

Mas há uma nova fronteira em desenvolvimento: a IA na ponta.

Empresas que levam a tecnologia até o consumidor final – como Google e Samsung – apostam que a inteligência artificial estará embarcada nos equipamentos que usamos todos os dias.

A IA estará em óculos, anéis, relógios, fones de ouvido, carro e, claro, também no celular. Ao estar em tantos lugares, a IA conseguirá capturar e processar in loco o ouro dessa indústria: os nossos dados.

A nova fronteira foi apresentada com entusiasmo pela Qualcomm, empresa americana que desenvolve e produz processadores para empresas como Samsung, Motorola e LG, entre outras.

"A IA na ponta será imediata, permitirá contexto e uso totalmente pessoal. É onde os dados são originados", disse Cristiano Amon, presidente da companhia durante evento anual de apresentação dos produtos da empresa. "Essa IA vai entender as suas intenções, vai antecipar suas necessidades e te dará opções".

Nascido em Campinas, no interior de São Paulo, Amon estudou engenharia na Unicamp e fez carreira no setor de tecnologia, especialmente em telefonia. Aos 55 anos, é o brasileiro com o maior cargo na indústria da tecnologia no mundo.

Aos quase 400 convidados que acompanham o evento, Amon disse que, com os gadgets vestíveis, a IA vai entrar organicamente no dia-a-dia e permitirá fazer uma série de coisas de forma muito mais rápida e quase automática.

Ao encontrar com um colega de trabalho de outro departamento, os óculos com IA poderão te lembrar o nome da pessoa, cargo e que vocês terão uma reunião na próxima quarta-feira às 10h.

A IA no seu fone de ouvido poderá te informar que a data sugerida para o almoço com os amigos já tem um compromisso, e vai sugerir uma nova data. Ao dirigir, o carro poderá te informar que o restaurante da próxima esquina é o indicado por sua amiga numa conversa há dois meses.

Já ao abrir um boleto, a IA do celular poderá programar automaticamente o pagamento na data do vencimento pela conta que normalmente você usa para pagar essas contas.

As aplicações indicadas pela Qualcomm têm o processamento da IA no próprio equipamento, sem que haja necessidade de enviar os dados para processamento na nuvem.

"Estamos mudando o ambiente que era centrado no celular. O centro desse ambiente será o usuário. Vai ser criado um ecossistema em sua volta e todos os equipamentos vão trabalhar juntos", promete Amon.

A apresentação não tratou da segurança dos dados, nem da privacidade dos usuários.

Essa nova fase da inteligência artificial em todos os lugares será especialmente presente com o 6G – a nova tecnologia para a telefonia celular que já está em testes.

Amon promete que os primeiros equipamentos com essa tecnologia entrarão em fase pré-comercial em 2028.

A CNN viajou para Muai, nos EUA, a convite da Qualcomm

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