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    Fernando Nakagawa
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    Fernando Nakagawa

    Repórter econômico desde 2000. Ex-Estadão, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Paulistano, mas já morou em Brasília, Londres e Madri

    Novo prefeito de SP terá de discutir – e com urgência – o aumento da tarifa de ônibus

    A responsabilidade fiscal voltou a ser um grande assunto do debate econômico. Políticas irresponsáveis geram impacto que persiste por anos – e alertas têm sido frequentes.

    Sobre isso, há um tema com potencial de se tornar bomba-relógio fiscal na maior metrópole brasileira, especificamente na tarifa de ônibus. O tema, aliás, foi praticamente ignorado na campanha eleitoral.

    As tarifas de ônibus não são reajustadas há quase meia década na cidade de São Paulo. A última vez que empresas de ônibus tiveram de mudar a placa do valor da tarifa foi em 1º de janeiro de 2020. Naquela época, o mundo nem imaginava que a pandemia estouraria meses depois e mudaria a vida da humanidade.

    Nesse mesmo período, a inflação já supera os 30% no Brasil. Se olharmos para os itens importantes no custo do transporte urbano, a diferença fica ainda maior. O diesel ficou mais de 60% mais caro, enquanto o pneu aumentou mais de 40% no período, segundo dados do IBGE.

    Na vida real, quando o preço da farinha sobe, o padeiro aumenta o preço. Caso contrário, cada pão que sai do forno aumentaria o prejuízo da padaria.

    No transporte de ônibus em São Paulo, custos dispararam, mas nada mudou. Passageiros continuam pagando R$ 4,40 a cada vez que passam na catraca dos mais de 13 mil ônibus da cidade de São Paulo.

    Os pães do transporte público, porém, continuam saindo – e quentinhos. E as empresas de ônibus seguem abertas, e com lucro.

    A conta só fecha porque a diferença está sendo paga por alguém. O custo cai no colo de um velho conhecido: o contribuinte.

    Dados da SP Trans, empresa que administra o sistema de transporte urbano da capital paulista, mostram que o subsídio pago pela prefeitura de São Paulo às operadoras de ônibus atingiu o recorde histórico de R$ 5,3 bilhões em 2023.

    Isso quer dizer que a cada vez que um passageiro deixava R$ 4,40 ao rodar a catraca do ônibus, a prefeitura desembolsava R$ 2,55 para completar o custo daquela viagem.

    Esse subsídio foi 60% maior que o pago em 2020 – ano em que a prefeitura anunciou o último reajuste da tarifa. Na época, o prefeito era Bruno Covas.

    O problema piorou em 2024. De janeiro a agosto, a prefeitura já desembolsou R$ 4,6 bilhões para manter o preço da tarifa congelado.

    Isso quer dizer que a prefeitura já banca R$ 3,23 para cada viagem dos passageiros. O subsídio equivale a 73% do valor pago pelos passageiros. Para efeito de comparação: em 2019, o subsídio representava 23% do valor da tarifa descontada do Bilhete Único.

    Mantido o atual ritmo, os cofres da cidade devem desembolsar quase R$ 7 bilhões em subsídios às empresas de ônibus no fechado do ano de 2024.

    Sem o calor das eleições, o novo prefeito terá de discutir esse tema.

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