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    Fernando Nakagawa
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    Fernando Nakagawa

    Repórter econômico desde 2000. Ex-Estadão, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Paulistano, mas já morou em Brasília, Londres e Madri

    Pecuaristas propõem “vale carne” de R$ 35 por mês

    Plano entregue ao governo prevê cartão para famílias em situação de extrema pobreza que permitiria comprar exclusivamente carne em redes do varejo conveniadas

    O governo federal analisa, mas parece que há pouca chance de avançar a proposta de criação de um novo programa social, uma espécie de complemento ao Bolsa Família, exclusivamente para comprar carne. O “vale carne” seria de R$ 35 por mês e poderia beneficiar até 19,5 milhões de pessoas de menor renda.

    A proposta foi entregue em setembro do ano passado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, a Acrissul, ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

    A proposta do programa é tentar incentivar o consumo de proteína bovina entre as famílias de menor renda e, assim, tentar reverter a tendência de queda do consumo vista nos últimos anos.

    O plano entregue pela entidade cita a distribuição de um cartão para famílias em situação de extrema pobreza que permitiria comprar exclusivamente carne em redes do varejo conveniadas ao programa.

    Os R$ 35 propostos, diz a Acrissul, permitiram a compra de dois quilos de carne bovina por mês.

    Uma consulta no site do supermercado Dia — uma rede popular — mostra que o valor permitiria comprar 1,75 kg de costela bovina resfriada (R$ 19,90 o quilo na promoção da semana) ou 920 gramas de bife ancho (R$ 37,90m na promoção da semana).

    No Pão de Açúcar, seria possível comprar 1,03 kg da carne moída congelada mais barata (R$ 16,98 a bandeja de 500g).

    Um dos argumentos dos pecuaristas sul-mato-grossenses é que o consumo per capta de carne bovina cai há quatro anos seguidos e atingiu 24,2 quilos por habitante, o menor patamar desde 2004.

    Para a entidade, o programa “beneficiará todos os elos da cadeia produtiva da pecuária bovina, melhorando a produção, criando emprego na indústria, aumentando a arrecadação e, na ponta final, beneficiando a população carente que vive em situação de vulnerabilidade, garantindo segurança alimentar”.

    Pelos cálculos da entidade, o programa poderia gerar demanda adicional por 475 mil toneladas de carne bovina ou 2,35 milhões de cabeças de gado por ano. O número representa 8% do total de animais abatidos pelo Brasil anualmente.

    “Para se ter uma ideia, no ano passado, o Mato Grosso do Sul abateu 3,5 milhões de cabeças de gado e o programa demandaria 2,3 milhões de cabeças por ano”, compara Guilherme Bumlai, presidente da associação.

    Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Social informou que o tema deveria ser tratado com o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

    O Ministério do Desenvolvimento Agrário, por sua vez, informou em nota que “recebe diariamente inúmeras sugestões de diversos setores da sociedade civil de aperfeiçoamento e criação de novas políticas públicas”.

    “Neste sentido, o Ministério do Desenvolvimento Agrário recebeu a proposta do ‘Programa Carne no Prato’. A proposta foi protocolada, está em análise na área técnica do Ministério e será encaminhada para a primeira avaliação pelos demais órgãos competentes”, cita o MDA.