“Camaleão”, Alcolumbre promete unir PT e PL
Ex-apoiador de Jair Bolsonaro, o senador conquistou Luiz Inácio Lula da Silva e caminha para ser candidato único à sucessão do Senado


O senador Davi Alcolumbre (União-AP) conquistou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rapidamente.
Em novembro, após reunião privada com o senador, o presidente reconheceu a assessores do governo: “Davi sabe fazer política”.
Não foi um mero elogio. Lula é reconhecido até mesmo pelos partidos de oposição como um habilidoso articulador político.
E Alcolumbre, em seu segundo mandato como senador, tornou-se, como diria Ciro Gomes, um “encantador de serpentes”.
Em seu primeiro mandato, com o apoio de Jair Bolsonaro, Alcolumbre venceu um veterano, Renan Calheiros, e se tornou o presidente mais jovem da história do Senado.
Naquela época, aprovou projetos de interesse do governo e atuou como um conciliador na relação turbulenta entre o Executivo e Judiciário. Saiu do posto elogiado até por um antigo desafeto.
“Davi Alcolumbre manteve a paz no Congresso Nacional“, disse a ex-senadora Katia Abreu, que, dois anos antes, havia protestado contra a eleição do senador, arrancando uma pasta de suas mãos.
Alcolumbre conseguiu eleger um aliado no comando do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e nem mesmo Luiz Inácio Lula da Silva havia assumido o poder, já deu um presente ao petista.
Assumiu a relatoria da PEC da Transição e, ainda durante a gestão de Jair Bolsonaro, aprovou brecha que aumentou os gastos com o Bolsa Família.
Como retribuição, emplacou um aliado, Waldez Goes, como ministro do Desenvolvimento Regional e ganhou a admiração do Palácio do Planalto, que o apelidou de “camaleão”, pela habilidade em transitar entre direita e esquerda.
E é justamente com essa mesma habilidade que, a menos de um ano da sucessão ao Senado Federal, Alcolumbre tem conquistado o apoio de PT e PL para retornar ao posto.
As duas siglas, apesar de oponentes, reconhecem as habilidades do senador e não vislumbram lançar uma candidatura adversária.
O único obstáculo para Alcolumbre pode ser um antigo rival, Renan Calheiros, a quem venceu em 2019. Lula, no entanto, tem desmotivado uma eventual candidatura do senador veterano.
Porque, quando precisou, dizem auxiliares presidenciais, Lula contou com Alcolumbre, que fez questão de apoiar, por exemplo, os dois nomes indicados pelo petista à Suprema Corte, não impondo obstáculos às sabatinas na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Em novembro, quando o petista elogiou o senador, recebeu dele um conselho “Entre de cabeça na articulação política”. E é o que o presidente tem feito neste ano.
Não é à toa que o petista fez questão de convidar Alcolumbre para um “happy hour”, nesta terça-feira (5), com líderes da base aliada, no Palácio da Alvorada.
“Se conseguir unir PT e PL, Alcolumbre não merece só o comando do Senado Federal, mas o Prêmio Nobel da Paz”, faz piada um ministro.