Lula vai recorrer à OMC contra nova tarifa de Trump
Governo brasileiro já havia anunciado, em março, que contestaria tarifas sobre aço junto à Organização Mundial do Comércio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) contra o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de uma tarifa de 50% ao Brasil.
“Tanto o Itamaraty quanto o nosso Mdic [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] já vêm conversando com os Estados Unidos — já vinham conversando desde a taxação dos 10%. Veja, do ponto de vista diplomático, nós temos que recorrer à OMC. Você pode, junto com a OMC, encontrar um grupo de países que foram taxados pelos Estados Unidos e entrar com um recurso na OMC. Isso tem toda uma tramitação que a gente pode fazer. Se nada disso der resultado, nós vamos ter que fazer a lei da reciprocidade", disse Lula em entrevista à Chris Lemos, da Record, nesta quinta-feira (10).
A informação já havia sido adiantada pela CNN nesta manhã. O argumento do governo brasileiro é de que não há motivação técnica para o tributo, já que a balança comercial é deficitária para o Brasil, e desrespeita o princípio da concorrência igualitária.
A carta publicada pelo presidente norte-americano, com viés político em defesa de Jair Bolsonaro (PL), é uma das provas utilizadas pelo governo brasileiro.
Em março, o Brasil já havia apresentado documento à OMC contra o anúncio de tarifas sobre o aço e o alumínio.
Nos últimos anos, porém, a OMC vem enfrentando críticas por estar paralisada diante das tarifas anunciadas por Donald Trump.
Um recurso à entidade mundial, contudo, apesar de ter pouca chance de êxito, costuma ser um primeiro passo para anúncio, posterior, de retaliações.
O governo brasileiro alega que todas as tarifas aplicadas na importação de produtos pelo Brasil seguem os parâmetros da entidade, incluindo a do etanol, uma queixa do governo estadunidense.
Em março, Lula já havia afirmado que, se não houver outra maneira, o governo brasileiro deve retaliar os Estados Unidos.