Análise: Governo atua para isolar discurso bolsonarista após Lula-Trump
Oposição tem tentado minimizar avanço do petista na interlocução com o governo americano

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atuam nos bastidores para reforçar que o governo brasileiro conseguiu isolar a interlocução do bolsonarismo junto ao governo dos Estados Unidos.
Fontes da diplomacia ouvidas pela CNN afirmam que a reação da oposição – que desde domingo tem se esforçado para minimizar os avanços do governo brasileiro nas negociações com o presidente Donald Trump – era esperada.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, disse à CNN que Lula deixou a reunião sem apresentar nada concreto sobre tarifas ou sanções impostas a autoridades brasileiras.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foi a campo dizer que “Trump não abandonará Bolsonaro.”
Fato é que Lula retorna da Malásia com argumentos positivos. Além de quebrar o gelo e garantir uma foto simpática, o presidente brasileiro recebeu sinais promissores. Com direito a parabéns público de Trump.
“Tivemos uma reunião muito boa, vamos ver o que acontece. Não sei se alguma coisa vai acontecer, mas veremos. Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver, agora mesmo eles estão pagando, acho que 50% de tarifa. E quero desejar feliz aniversário ao presidente, hoje é o aniversário dele. Ele é um cara muito vigoroso, na verdade, e foi muito impressionante”, disse Trump a jornalistas.
Sob reserva, os próprios bolsonaristas acusam o revés e admitem dificuldade para reverter o discurso, com direito a ressentimentos com integrantes da equipe de Trump.
O Itamaraty agora tenta manter o ritmo das negociações e acredita que novas reuniões podem acontecer semana que vem. A prioridade é a discussão sobre o tarifaço.
Mediação sobre Venezuela
Durante a reunião com Trump, Lula sugeriu uma mesa de negociação entre Estados Unidos e Nicolás Maduro em relação à escalada de preocupação na América Latina, com os avanços de Donald Trumb sob o mar do Caribe em operações contra o narcotráfico. O brasileiro, inclusive, se colocou à disposição para intervir. Nesse ponto, entretanto, as expectativas da diplomacia brasileira são baixas. A avaliação é de que os EUA dificilmente aceitarão uma mediação brasileira.



