Cardozo sobre Janja: as pessoas têm liberdade de se posicionar em um jantar
"Não se tratava de uma cerimônia oficial, um momento de negociação formal, em que só podem falar os representantes dos países"
O comentarista José Eduardo Cardozo defendeu, no programa O Grande Debate desta segunda-feira (19), que a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, acertou ao se manifestar sobre a rede social TikTok durante reunião da comitiva brasileira com o presidente chinês, Ji Xinping, na semana passada.
"Vamos ser sinceros: se é um jantar, as pessoas têm liberdade de se posicionar, de falar. Então, quando o presidente da República, Lula, faz a pergunta ao Xi Jinping sobre a questão que foi colocada, a primeira-dama intervém, complementando. Me parece uma situação absolutamente normal", afirmou.
Segundo Cardozo, "quem participou de eventos governamentais... Eu tive oportunidade de participar de alguns. Isso é muito comum. Tivemos eventos com [o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack] Obama, Michelle Obama. E quando havia o momento do jantar, as pessoas brincavam, falavam. A Michelle Obama claramente falava à mesa. Então, eu não vejo nenhum problema, objetivamente".
Segundo relatos de pessoas presentes no encontro, na ocasião que gerou a polêmica, a primeira-dama brasileira teria pedido a palavra para falar sobre os efeitos nocivos da rede social chinesa, destacando que o algoritmo da plataforma estaria favorecendo o avanço da extrema direita no Brasil.
Já nesta segunda-feira, em discurso durante a Abertura da Semana Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, em Brasília, Janja afirmou que "não há protocolo" que a faça ficar calada - em resposta a acusações de ter quebrado o protocolo para aquele tipo de situação.
Cardozo criticou a postura do integrante da comitiva que "vazou" o episódio envolvendo Janja.
"O que me espanta é alguém ter tido, como disse o Lula, a pachorra de ligar para um repórter. E só pode ser alguém do 'petit comité' presidencial, para falar mal de algo que ouviu da primeira-dama. Isso não é correto. Infelizmente todos os governos têm esse problema", observou.
Para Cardozo, "é uma questão de falta de ética governamental, seja um ministro ou assessor [que tenha vazado]".