Jussara Soares
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Jussara Soares

Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

Centrão resiste à escolha de Bolsonaro e prevê isolamento de Flávio

Maior desafio do senador e filho mais velho do ex-presidente é buscar união de um grupo para formar um arco de aliança

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O anúncio de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) será o sucessor político de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2026 encontra resistência entre integrantes do Centrão.

A avaliação no bloco político é que o filho mais velho do ex-presidente não tem potencial para unir um grupo capaz de formar um arco de aliança e, portanto, deverá ficar isolado.

Segundo líderes partidários do bloco relataram à CNN Brasil, se Jair Bolsonaro, que está preso na Superintendência da PF (Polícia Federal), em Brasília, desde 22 de novembro, insistir no nome de Flávio para o pleito do ano que vem, há chances de haver uma fragmentação das candidaturas de direita e não uma união em torno de um único nome.

Integrantes do Centrão também lembram que Flávio não apresenta um bom desempenho nas recentes pesquisas eleitorais e que a escolha pelo senador pode levar a rejeição da família Bolsonaro para as urnas.

Segundo pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada nesta semana, o senador aparece com 23,1% contra 47,3% de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma eventual disputa ao Palácio do Planalto.

Diante desse cenário, líderes do Centrão avaliam que Flávio Bolsonaro não é um nome forte e capaz de ter fôlego para disputar com o petista, que deve buscar a reeleição à Presidência no pleito do próximo ano.

Além disso, o bloco lembra que o nome do senador pode ser contestado por uma parcela da população e lembra o caso das “rachadinhas”, na época em que Flávio Bolsonaro era deputado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

A expectativa dentro do Centrão era de que Bolsonaro escolhesse um nome fora da família, numa tentativa de tentar diminuir a polarização política no país.

Segundo apurou a CNN Brasil, o escolhido de Jair Bolsonaro chegou a avisar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de que seria o sucessor do pai. O gestor estadual era tido como preferido do bloco de centro.

Além do apoio do Centrão, Tarcísio também contava com a simpatia do mercado financeiro. Quando a escolha de Flávio Bolsonaro para suceder o pai no campo político ainda se tratava de uma sinalização, o Ibovespa recuou e fechou em queda de mais de 4%.

A escolha pelo nome de Flávio foi encarado pelo meio político como um "balão de ensaio" do ex-presidente.

A estratégia de Bolsonaro, na avaliação de lideranças partidárias de diversas matizes, serve não apenas para testar o nome do primogênito, mas sobretudo para manter a família nos holofotes e empoderar Flávio como o porta-voz político do ex-presidente, que está preso na superintendência da PF (Polícia Federal), em Brasília.

O próprio entorno da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi pego de surpresa com o anúncio. Posteriormente, no entanto, a esposa de Bolsonaro fez uma publicação nas redes sociais, na qual pediu que Deus desse “sabedoria, força e graça” a Flávio.