"Celular Seguro": gestão Lula avalia acionar Rio contra o uso de nome
Integrantes do Ministério da Justiça veem no governo Cláudio Castro uma tentativa de pegar carona no programa federal e alertam que o cidadão pode ser levado ao erro

O programa "Celular Seguro RJ", lançado pelo governo Cláudio Castro (PL) contra roubos e furtos de aparelhos, irritou a gestão Lula.
Integrantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública veem uma cópia de qualidade inferior do programa federal, implementado em 2023, que tem o mesmo nome e é considerado um dos êxitos do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A avaliação é que o governo fluminense tentou surfar na popularidade do "Celular Seguro" original que já tem mais de 3 milhões de aparelhos cadastrados e já teve mais de 150 mil bloqueios efetivados.
A gestão petista aponta ainda que, ao lançar um programa com o mesmo nome, acrescentando apenas "RJ" ao final, o governo fluminense pode induzir cidadãos ao erro — levando-os a baixar um aplicativo do estado do Rio pensando se tratar do serviço do governo federal, que tem mais funcionalidades.
Segundo apurou a CNN, o governo Lula considera até mesmo ingressar com uma ação judicial para impedir o uso do nome pela gestão de Cláudio Castro. Integrantes do Ministério da Justiça, porém, afirmam esperar uma mudança antes que a disputa chegue à Justiça.
Uma das principais críticas ao aplicativo fluminense é que ele oferece menos funcionalidades do que o programa "Celular Seguro" original, além de não contar com integração ao sistema federal já em atividade.
O "Celular Seguro RJ", desenvolvido pela Polícia Civil fluminense, permite consultar se há alguma restrição ao IMEI — sequência de quinze números de cada aparelho — em boletins de ocorrência do Rio ou na base da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Já o "Celular Seguro", do Ministério da Justiça e Segurança Pública, tem uma base de dados nacional, que permite a identificação mesmo quando o crime ocorre em outro estado.
Outras funcionalidades do aplicativo do governo federal são: bloqueio de aplicativos de instituições financeiras para evitar golpes; busca do IMEI automática, a partir do número do telefone já registrado; possibilidade de o usuário bloquear o celular diretamente pelo aplicativo, tornando-o inutilizável; modo recuperação, que facilita a busca pelas polícias; e identificação automática quando um aparelho roubado volta a ser utilizado, mesmo em outro estado.
Procurada para se manifestar sobre a reação do governo federal, a Polícia Civil do Rio de Janeiro, responsável pelo aplicativo, não respondeu.