Jussara Soares
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Jussara Soares

Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

Itamaraty chama encarregado de negócios dos EUA para falar sobre deportados

Diplomata americano prometeu verificar as condições do voo em que houve relatos de maus tratos

Há relatos de maus tratos no voo que chegou na sexta-feira (24) em Manaus  • Reprodução
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O Itamaraty chamou o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para pedir esclarecimentos sobre o tratamento dispensado aos brasileiros deportados. Há relatos de maus tratos no voo que chegou na sexta-feira (24) em Manaus.

O diplomata americano foi chamado pela secretária de Assuntos Consulares, embaixadora Márcia Loureiro, e prometeu verificar as condições do voo.

O Itamaraty diz se tratar de um início de diálogo e afirma que o foco é resolver o problema específico desse voo. Diplomatas citam ainda que esse é o primeiro avião de deportados em que houve relatos de tratamento degradante aos deportados.

Nesta segunda-feira, segundo apurou a CNN, o chanceler Mauro Vieira se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula das Silva (PT) para discutir o tratamento dado aos deportados. O ministro contou o que ouviu em Manaus do delegado Sávio Pinzón, superintendente interino da PF no Amazonas, e do major-brigadeiro Ramiro Pinheiro, comandante do 7º Comando Aéreo Regional, na noite de sábado (25).

Mauro Vieira também apresentou ao presidente dados sobre outros voos de deportados. Desde 2022, a média tem sido de 15 aviões por ano. Essa foi, no entanto, a primeira vez em que teria havido relatos de maus tratos e agressões.

Integrantes do governo brasileiro argumentam que o uso de algemas a bordo do voo não é o problema, visto que o avaliação de risco cabe aos americanos, responsáveis pelo transporte. Esse ponto faz parte do acordo de deportação firmado pelos dois países em 2018.

O ponto a ser questionado com o governo americano é justamente o tratamento dados os brasileiros, o que inclui a escolha da aeronave que apresentou técnicos, bem como a equipe que acompanhou o trajeto. Uma avaliação preliminar é que o voo foi supervisionado por pessoas sem o treinamento necessário para lidar com a situação.

Também foi considerado inadmissível o fato de os deportados, já em solo brasileiro, terem tido os pés e acorrentados quando pousaram em Manaus, devido à falha técnica do avião.

Os Estados Unidos estão sem embaixador no Brasil desde o fim do governo de Joe Biden e serão representandos pelo encarregado de negócios até o presidente Donald Trump indicar um novo chefe de missão.