Novas campanhas das Forças Armadas precisarão de aval da Defesa
Medida será adotada após vídeo da Marinha sobre privilégios que irritou presidente Lula
Novas campanhas institucionais preparadas pelas Forças Armadas deverão receber o aval do Ministério da Defesa antes de serem divulgadas ao público. A medida será adotada após a crise desencadeada por um vídeo em que a Marinha ironiza “privilégios” de militares.
Segundo a CNN apurou, a orientação é que produções que abordem temas sensíveis com o Palácio do Planalto sejam submetidas a uma avaliação do ministério para evitar repetir o desgaste recente.
Divulgado no dia 1º de dezembro em homenagem ao dia da Marinha que é celebrado no dia 8 do mesmo mês, o vídeo em que compara a carreira na Força à vida de cidadãos civis. Ao final de 1 minuto e 15 segundos, a peça se encerra com a frase: “Privilégios? Vem pra Marinha”.
A produção foi divulgada em meio às negociações em meio ao pacote de ajuste fiscal que mirou as Forças Armadas. Entre as mudanças, o governo propôs, em um projeto de lei, aumentar para 55 anos a idade mínima para a passagem de militares para a reserva.
O vídeo irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o próprio ministro a Defesa, José Múcio Monteiro.
Um dia antes da divulgação do vídeo, Múcio levou os comandantes: general Tomás Paiva, do Exército; almirante Marcos Olsen, da Marinha; e brigadeiro Marcelo Damasceno, da Força Aérea Brasileira (FAB), para um almoço do Palácio do Alvorada com o presidente Lula.
O encontro foi justamente para que os comandantes pudessem pedir mais tempo para a transição para militares adequarem à nova regra da idade mínima de 55 anos para passarem para a reserva. Na ocasião, Lula teria se mostrado sensível aos argumentos. O vídeo da Marinha, porém, interditou o debate.
Na sexta-feira (3), o ministro da Defesa e o comandante da Marinha se reuniram com o presidente Lula para tratar o episódio, que agora é tratado como superado.
À âncora Tainá Falcão, o almirante Olsen disse que admitiu ao presidente que o vídeo sobre privilégios foi “inoportuno“, mas disse que não há “falta de lealdade”.
“Nesse sentido, admiti que o vídeo mostrou-se inoportuno, particularmente em razão do almoço ocorrido à véspera do lançamento oficial da Campanha alusiva ao 13 de dezembro, Dia do Marinheiro. Mas que não é próprio se falar em falta de lealdade ao PR, Comandante Supremo das Forças Armadas – Timoneiro da Marinha do Brasil”, disse o comandante da Marinha.