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    Jussara Soares
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    Jussara Soares

    Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

    Saga de família com recém-nascido para fugir da guerra mobilizou autoridades brasileiras

    Repatriação do grupo de quatro pessoas será feita em um voo comercial, que partirá do Cairo, no Egito

    A família brasileira-palestina com um recém-nascido que deixa a Faixa de Gaza nesta quinta-feira (8) rumo ao Brasil teve a casa atingida por um bombardeio na cidade de Maghazi, na região central do território mais afetado na guerra entre Israel e Hamas.

    A saga da mãe e dos três filhos para fugir da guerra mobilizou as autoridades brasileiras nas últimas semanas. A repatriação do grupo de quatro pessoas será feita em um voo comercial, que partirá do Cairo, no Egito.

    Na reta final da gravidez, Fatma Abu, de 30 anos, e os filhos Adam, de 4 anos, e Lara, de 2, foram acolhidos em uma escola da Organizações das Nações Unidas (ONU) após a casa ter sido atingida.

    As duas crianças mais velhas nasceram em Curitiba, no Paraná, onde os pais moravam antes de retornar à Faixa de Gaza. O marido de Fatma estava na China a trabalho quando a guerra eclodiu em outubro e desde então não conseguiu retornar para ficar com a família.

    Com a cidadania brasileira, a mãe e os dois filhos mais velhos tinham sido autorizados a deixar Gaza no dia 21 de dezembro do ano passado. Eles integrariam o terceiro grupo de repatriados. Porém, como a mulher estava prestes a dar à luz, não puderam seguir viagem.

    O pequeno Muhammad acabou nascendo três dias depois, na véspera do Natal, em um hospital precário na cidade de Nuserat. Todos os dias, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nascem 180 bebês na área mais atingida pelo conflito.

    Após o parto, a mãe retornou ao abrigo da ONU em Maghazi, onde esperou uma nova oportunidade para repatriação.

    O escritório da Representação do Brasil junto à Palestina tentou enviar um carro para buscar a família e levar até Rafah, na fronteira com o Egito, mas o conflito impede o trânsito de veículos.

    “Como não podíamos fazer chegar um veículo até ela, ela foi com as crianças a pé até um certo ponto, de onde tomou uma carroça puxada por um jumento. Em seguida, conseguiu um táxi que a levou até Rafah”, contou à CNN o embaixador Alessandro Candeas, representante brasileiro na Palestina.

    Em Rafah, a mãe e os três filhos ficaram em uma casa alugada pelo governo brasileiro até conseguirem uma nova autorização para viajar ao Brasil.

    Após cruzar a passagem de Rafah, a família seguirá para o Cairo, no Egito, de onde embarcarão em um voo comercial para o Brasil.

    Além da mãe e dos três filhos, há ainda 20 brasileiros e familiares próximos em Gaza sendo atendidos pelo escritório de Representação do Brasil na Palestina.

    Até o momento, o Brasil já resgatou 109 pessoas da Faixa de Gaza em aviões da Força Área Brasileira (FAB).