Larissa Rodrigues
Blog
Larissa Rodrigues

Acompanha de perto as articulações do Congresso com o Executivo e como a relação entre os Poderes interfere na vida da população e na economia do país

Análise: O embate no governo sobre o prazo para taxa de Trump

Alas política e econômica divergem; Diplomacia teme mensagem atravessada

Presidente Lula com o boné "o Brasil é dos brasileiros"  • Ricardo Stuckert/PR
Compartilhar matéria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem pedido aos ministros do governo um cuidado extra sobre o que é dito em relação às negociações sobre a taxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.

Exemplo da falta de afinamento é a postura do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Em reunião com o setor da indústria nesta terça-feira (15), o coordenador do comitê criado para discutir a questão adotou posturas diferentes durante a mesma entrevista.

Primeiro, ele ignorou perguntas de jornalistas sobre a possibilidade de o governo brasileiro pedir mais prazo para o início da tarifa, prevista para ser aplicada a partir de 1º de agosto.

Depois, deu uma resposta vaga: “Nós (Brasil) queremos resolver o problema o mais rápido possível, se houver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido.”

Dentro do Planalto, o que se houve é que a ala econômica do governo — o que incluiria o vice-presidente e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad — aconselha Lula a solicitar a prorrogação do prazo. O tempo serviria para que setores da indústria e do agronegócio possam se organizar e trabalhar com mais previsibilidade.

Já a ala política pede para Lula segurar qualquer decisão. Segundo interlocutores do Planalto, há uma percepção de melhora na aprovação do governo. E isso tem relação com a postura adotada até aqui diante da ofensiva de Trump.

No meio de tudo, tem ainda o Ministério das Relações Exteriores. O Itamaraty até agora não confirma a possibilidade de um prazo extra.

O receio da diplomacia brasileira é que qualquer conversa resolvida dentro do próprio governo chegue até o governo dos Estados Unidos de forma atravessada.