Leonardo Reis
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Leonardo Reis

Mestre em Linguística, comunicólogo, empreendedor, autor e fundador da American English Academy, promovendo a inclusão através da educação

Como melhorar a pronúncia em inglês sem sair do Brasil

Confira técnicas e recursos eficazes para treinar a fala mesmo longe da imersão total

Ouvir uma frase em inglês e repeti-la imitando ritmo, entonação e pausas da fala original ajuda a adquirir fluência  • Freepik
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Dominar o inglês vai muito além de entender gramática e vocabulário. Para muitos brasileiros, o maior desafio está na pronúncia, especialmente por falta de contato diário com pessoas fluentes no idioma.

Porém, você não precisa estar em Londres ou Nova York para soar como um nativo. O Brasil pode ser seu ambiente de imersão para desenvolver uma boa pronúncia graças à tecnologia e ao acesso gratuito a recursos de qualidade. Com disciplina e curiosidade, é totalmente viável aprimorar sua pronúncia e ganhar confiança ao falar inglês e sem sair do país.

Com as ferramentas certas, esse treino pode se tornar parte da rotina. Conheça estratégias simples, mas eficientes:

A técnica do “shadowing”

Uma das estratégias mais eficazes é o shadowing, ou “sombra”. A prática consiste em ouvir uma frase em inglês e repeti-la imediatamente, tentando imitar ritmo, entonação e pausas da fala original. Comece com vídeos curtos no YouTube, TED Talks ou séries com legendas. Repita as falas várias vezes até que soe natural, mesmo que você não compreenda tudo de início.

Grave sua voz e compare

Outra dica valiosa é se gravar lendo textos ou repetindo falas em inglês. Depois, compare com a pronúncia de falantes nativos. Plataformas como Forvo e YouGlish ajudam a ouvir diferentes sotaques de uma mesma palavra, permitindo que você perceba nuances e corrija sua articulação.

Treine os sons mais desafiadores

O inglês possui sons que não existem no português, como os famosos “th” (/θ/ em think, /ð/ em this) ou a diferença entre sheep e ship. Reconhecer e praticar esses fonemas é essencial. Recursos como o site Sounds of English ou o canal Rachel’s English no YouTube oferecem vídeos explicativos com exercícios focados nesses pontos.

Use o alfabeto fonético a seu favor

O Alfabeto Fonético Internacional (referenciado pela sigla AFI e pela sigla em inglês IPA, de International Phonetic Alphabet) é um sistema de notação fonético que pode parecer intimidador, mas é uma ferramenta poderosa. Muitos dicionários on-line, como o Cambridge e o Oxford Learner’s Dictionary, apresentam a pronúncia fonética de cada palavra. Ao se familiarizar com esses símbolos, você aprende como falar antes mesmo de ouvir.

A entonação faz diferença

No inglês, o ritmo e a entonação são tão importantes quanto os sons. A língua é conhecida por dar ênfase a palavras-chave, e isso impacta a naturalidade da fala. Uma forma divertida de praticar é com músicas, poesias ou até vídeos de comédia, prestando atenção ao fluxo da fala.

Aplicativos e ferramentas que ajudam

  • Elsa Speak: app que analisa e corrige sua pronúncia em tempo real.
  • YouGlish: busca palavras em vídeos reais, com filtros por sotaque.
  • Forvo: gravações feitas por falantes nativos do mundo todo.
  • BBC Learning English: vídeos e exercícios de pronúncia britânica.
  • Google Translate: com cautela, pode ajudar a ouvir a pronúncia básica de palavras, mas não deve ser a única fonte.

Rotina de prática: pouco por dia, muito no resultado

A chave para melhorar a pronúncia está na constância, e uma rotina diária simples pode gerar grandes resultados. Com apenas 30 minutos por dia, é possível avançar significativamente: dedique 10 minutos à técnica de shadowing com vídeos curtos, 10 minutos para se gravar repetindo frases e analisar sua fala, 5 minutos focando em fonemas específicos que você ainda tem dificuldade, e outros 5 minutos utilizando aplicativos como o Elsa Speak ou consultando a pronúncia de palavras no Forvo. A prática diária, ainda que breve, desenvolve memória muscular e sensibilidade auditiva, tornando sua fala mais natural com o tempo.

A importância do listening

O listening, ou seja, a habilidade de ouvir com atenção, é um dos pilares para quem quer melhorar a pronúncia em inglês. Isso porque, muitas vezes, a forma como as palavras são escritas não tem nada a ver com a forma como são faladas. Quando você escuta nativos com frequência, começa a perceber sons específicos, a entonação correta, como as palavras se conectam umas às outras (connected speech) e o ritmo natural da fala e detalhes que a gramática sozinha não ensina.

Ouvir inglês de qualidade é como dar um treino auditivo para o cérebro. Aos poucos, ele vai se acostumando aos sons da língua e cria uma espécie de “modelo mental” que você começa a imitar naturalmente. É por isso que quem escuta bem, geralmente fala melhor. O listening não é só um complemento no aprendizado da pronúncia, ele é o ponto de partida.