Por que não podemos falar inglês como se lê? Saiba mais sobre pronúncia

Se você já começou a aprender inglês, provavelmente percebeu um fato curioso -- e muitas vezes frustrante: as palavras não são pronunciadas como se escreve. Por que “enough” soa como “inaf”? E como “know” perdeu o som do “k”? Essas peculiaridades representam um dos maiores desafios para quem está aprendendo, mas também é um reflexo fascinante da história e evolução do idioma. Vamos explorar isso juntos?
O inglês: uma língua moldada pela história
Para compreender a dificuldade de simplesmente “ler como está escrito”, precisamos voltar no tempo. O inglês que conhecemos hoje é o resultado de séculos de influências e mudanças linguísticas.
Originalmente uma língua germânica, o inglês foi profundamente transformado por invasões e contatos culturais, que incluíram os nórdicos, os franceses normandos e, mais tarde, os latinos. Cada um desses povos deixou suas marcas no vocabulário, na gramática e, especialmente, na pronúncia.
Um dos eventos mais significativos nessa evolução foi o Great Vowel Shift (Grande Mudança das Vogais), que ocorreu entre os séculos 15 e 18. Essa transformação alterou radicalmente a sonoridade das vogais no inglês. David Crystal, renomado linguista, pertencente à Ordem do Império Britânico, palestrante e escritor, explica que essa mudança criou uma desconexão entre a forma como as palavras eram escritas e como passaram a ser pronunciadas.
Por exemplo, antes do Great Vowel Shift, a palavra “time” era pronunciada como “tee-meh”, enquanto hoje soa como “taim”. O curioso é que a grafia permaneceu a mesma, apesar da mudança drástica na sonora.
Inglês: um “Frankenstein” linguístico
Além das mudanças históricas, o inglês absorveu palavras de outras línguas sem modificar sua escrita. Termos como “chaos” (do grego) e “ballet” (do francês) preservaram características de seus idiomas de origem, contribuindo para a irregularidade entre a grafia e a pronúncia.
Esse fenômeno torna o inglês uma língua repleta de “armadilhas” para quem está começando a aprendê-la. Em contraste, línguas como o espanhol ou o italiano, apresentam uma relação muito mais consistente entre escrita e fala, o que facilita o aprendizado.
Estudos sobre a relação entre escrita e fala
Linguistas, como Steven Pinker em seu livro “The Language Instinct”, destacam que a linguagem falada é muito mais antiga que a escrita. Enquanto a fala evolui constantemente, a escrita tende a ser mais conservadora, servindo como um registro fixo de um momento no tempo. Essa dinâmica é uma das razões que explicam por que encontramos palavras que soam completamente diferentes do que sua escrita sugere.
A escrita, em muitos casos, não acompanhou a evolução da pronúncia. Um exemplo clássico é a palavra “knight” (cavaleiro), que já foi pronunciada com o som do “k” e do “gh”. Hoje, esses sons desapareceram, mas a grafia permanece como um vestígio histórico.
Por que isso importa para quem está aprendendo?
Entender a desconexão entre a escrita e a fala no inglês pode transformar completamente sua abordagem do aprendizado. Em vez de tentar “ler como está escrito”, concentre-se em ouvir e praticar a pronúncia. Ferramentas como o IPA (Alfabeto Fonético Internacional) podem ser extremamente úteis para compreender como as palavras realmente soam.
Além disso, ter contato constante com o idioma falado — seja ouvindo podcasts, assistindo a filmes ou interagindo com falantes nativos — é fundamental para internalizar padrões de pronúncia que nem sempre são evidentes à primeira vista.
Um convite à reflexão
Aprender inglês é mais do que memorizar palavras ou traduzir frases; é entender as nuances de um idioma que é um verdadeiro mosaico de séculos de história e influências culturais. Agora que você conhece o contexto por trás dessas peculiaridades, como isso impacta sua jornada de aprendizado?
E você, já se deparou com uma palavra em inglês que te deixou confuso devido à diferença entre a escrita e a pronúncia? Compartilhe sua experiência!
Vamos ampliar essa conversa, trocar dicas e, juntos, descomplicar mais os mistérios fascinantes da língua inglesa. Seu aprendizado é uma jornada que merece ser explorada, e cada dúvida pode se transformar em uma nova descoberta. Estamos juntos nessa!