Luciana Taddeo
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Luciana Taddeo

Correspondente de América Latina, sediada há mais de 10 anos na Argentina. Amante da arquitetura de Buenos Aires, do merken chileno e do ají de gallina. Morou na Venezuela.

Bolsa argentina recua após Trump condicionar ajuda à vitória de Milei

Mercado reage negativamente a declarações do presidente dos EUA, e ações e títulos acabaram dia desvalorizados

Presidente dos EUA, Donald Trump, recebe líder argentino Javier Milei na Casa Branca  • Reprodução/Reuters
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Títulos e ações de empresas argentinas sofreram queda nesta terça-feira (14), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condicionar o apoio financeiro ao país à vitória de Javier Milei nas eleições.

O índice S&P Merval, referência da bolsa argentina, fechou o dia com queda de 3,7%, enquanto os títulos do país em dólares fecharam com uma desvalorização de até 6,5%.

No começo do mês, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou uma linha de swap de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina, além da compra de pesos e de títulos da dívida do país.

Mas a ajuda foi colocada em dúvida hoje, durante um almoço com Milei e sua comitiva, na Casa Branca.

“Nossas aprovações dependem de quem vencer a eleição”, disse Trump a jornalistas, sentado diante de Milei. Segundo ele, se um esquerdista ou candidato com “filosofia” diferente para a economia vencesse, a ajuda será interrompida.

Para o economista Hernán Letcher, diretor do Cepa (Centro de Economia Política Argentina), a reação negativa do mercado se deve às dúvidas geradas sobre a capacidade do país de pagar os próximos vencimentos de dívida, principalmente dos títulos soberanos Bonares e Globales, em janeiro.

Nos próximos seis meses, a Argentina precisará quitar cerca de US$ 10 bilhões em dívidas.

“As reservas do país estão baixas e ainda estamos tentando refinanciar a dívida”, diz à CNN Brasi Matías De Luca, chefe de Estratégia da Parakeet Capital.

Paralelamente, com a ansiedade gerada pelas eleições legislativas marcadas para 26 de outubro, consideradas cruciais para o governo Milei dar continuidade a seu projeto econômico, o mercado esperava anúncios contundentes sobre a ajuda à Argentina.

“A reunião de hoje deixou uma sensação de insuficiência de informações e o mercado leu severamente o comentário de Trump de que se o candidato opositor de esquerda ganhar, os EUA vão se distanciar”, explica De Luca.

Segundo ele, à falta de informação também se somou a pouca clareza sobre se Trump se referia às eleições legislativas da próxima semana, ou à presidencial de 2027.

“O mercado talvez tenha exagerado na reação, mas houve uma redução da queda das ações no fim do dia, apesar do mercado manter sua posição de ‘show me the money’”, conclui De Luca.

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