Luciana Taddeo
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Luciana Taddeo

Correspondente de América Latina, sediada há mais de 10 anos na Argentina. Morou na Venezuela.

Lula não deve ser impedido de visitar Cristina Kirchner, diz defesa

Ex-presidente argentina teve sentença de seis anos de prisão confirmada e solicitou regime domiciliar

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve ser impedido de visitar Cristina Kirchner na prisão domiciliar quando for à Argentina para a cúpula do Mercosul, segundo a defesa da líder peronista.

“Uma pessoa que está privada de liberdade tem que ter esse direito. Nessa medida, não espero que possa existir nenhum tipo de limitação a que o presidente Lula ou qualquer outra pessoa a visite”, disse o advogado de defesa da ex-presidente, Carlos Beraldi, para a imprensa internacional, no sábado (14) .

Questionado pela CNN sobre a possibilidade, ele disse acreditar não haver intenção da Justiça argentina de impedir a visita do ex-presidente, porque “seria vulnerar outra garantia constitucional” de Kirchner.

Segundo a defesa da ex-presidente, na domiciliar, Kirchner teria direito a “continuar desenvolvendo sua vida” e se relacionar com outros líderes políticos.

Após a confirmação da sentença de seis anos de prisão para Cristina Kirchner pela Suprema Corte de Justiça da Argentina na última terça (10), a CNN apurou que aliados não descartam que Lula a visite em sua viagem à Argentina, para a Cúpula do Mercosul, no início de julho.

Lula e Kirchner conversaram por telefone na quarta, após a confirmação da sentença da ex-presidente

“Telefonei hoje no final da tarde para a companheira Cristina Kirchner e manifestei toda a minha solidariedade. Falei da importância de que se mantenha firme neste momento difícil”, escreveu Lula na rede social X.

O presidente brasileiro manifestou ainda ter notado, “com satisfação, a maneira serena e determinada com que Cristina encara essa situação adversa e o quanto está determinada a seguir lutando”.

O telefonema entre eles foi curto e uma retribuição dos gestos quando o petista esteve preso, segundo um integrante do Planalto.

Em 2018, a líder peronista agora condenada se manifestou contra a prisão e a proibição de sua candidatura naquele ano.

Já Alberto Fernández, então candidato da chapa presidencial que tinha Kirchner como vice, chegou a visitar Lula na prisão em Curitiba.

Também perguntado na coletiva, o deputado e filho da ex-presidente, Máximo Kirchner, não confirmou se Kirchner e Lula conversaram sobre a possibilidade de uma visita.

A defesa da peronista espera uma resposta sobre o pedido de prisão domiciliar e confirma que ela se apresentará ao tribunal no qual foi julgada na próxima quarta (18).

A ex-presidente foi condenada em última instância a seis anos de prisão e proibição vitalícia de ocupar cargos públicos por suposto favorecimento de empresários em obras rodoviárias na província de Santa Cruz durante seus governos (2007–2015).

A defesa afirma que Kirchner está sendo condenada por ações nas quais não interveio.

“Isso permite que qualquer presidente democraticamente eleito acabe sendo condenado por qualquer ato discricionário e arbitrário por juízes que não estão cumprindo com a Constituição como ocorreu neste caso”, afirmou Beraldi.