Procuradores acionam PGR e STF para apurar extensão de monitoramento da “Abin Paralela”
Lista encontrada em e-mail do ex-diretor Alexandre Ramagem elenca membros do Ministério Público Federal considerados “contrários” a Bolsonaro


Procuradores vão acionar a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar entender a extensão do suposto monitoramento ilegal de membros do Ministério Público Federal (MPF) pela chamada “Abin Paralela”.
Ao longo da investigação, a Polícia Federal (PF) identificou que o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem mantinha em constante atualização uma lista de procuradores que teriam atuado contra medidas do governo Jair Bolsonaro.
O documento foi localizado nos dispositivos de Ramagem, mas não há registro de que tenha sido enviado para alguém. A ANPR vai pedir ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo, acesso ao arquivo.
Segundo a PF, na lista constavam nomes como o do procurador José Gladston Correia, que investigava a responsabilidade do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello pela crise do oxigênio no Amazonas durante a pandemia.
A CNN apurou que alguns procuradores eram listados como opositores do governo Bolsonaro apenas por defenderem a segurança e a confiabilidade das urnas eletrônicas, caso do ex-vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Góes.
Em nota pública, a ANPR pediu a responsabilização dos envolvidos no episódio. “Não se trata de um caso corriqueiro, que possa ser naturalizado ou relativizado”, diz o texto. A entidade afirma, ainda, que isso configura “desvio de finalidade” por parte da Abin.
“Não é papel das instituições de Estado, menos ainda do serviço de inteligência, monitorar a correta atuação funcional de membros do Ministério Público”, diz o texto. A CNN tenta contato com a defesa de Ramagem.