Interpretar Verônica fez Tainá Müller voltar à terapia: “Tive insônia”
Em entrevista ao Na Palma da Mari, a atriz falou sobre a experiência de filmar "Bom Dia, Verônica" e contou que teve duas profissões antes de se tornar atriz
O Na Palma da Mari desta quinta-feira (15) recebeu a atriz Tainá Müller, a protagonista de “Bom dia, Verônica”, da Netflix. Ao videocast, ela disse que quando surgiu a oportunidade de interpretar uma policial que vai contra tudo e todos para proteger mulheres que estão sofrendo abuso, ela não hesitou. Na prática, o desafio não foi nada fácil.
“Eu já estava muito com a luta das mulheres quando a Verônica chegou pra mim”, contou.
A série estreou em 2020 na Netflix e, na última quarta-feira (14), foi lançada a terceira e última temporada, finalizando a história de três grandes vilões interpretados em cada fase por três grandes atores: Eduardo Moscovis, Reynaldo Gianecchini e Rodrigo Santoro, respectivamente. Em cada ano, a protagonista faz de tudo para combater homens que abusam de mulheres e sempre saíram impunes.
“Não tem como mulher não se sentir abalada, mas ao mesmo tempo eu sempre reverti como uma responsabilidade na missão que eu tinha de trazer esse assunto”, diz sobre o papel. “Não que Verônica seja uma heroína a ser copiada. Pelo contrário, ela faz um caminho que não pode, à margem da lei, e eu não acredito nisso”.
Mas Müller diz se sentir muito feliz ao ver que a série despertou debates. E, por mais que a trama seja obscura e difícil de assistir, os bastidores eram leves.
“Foi divertido fazer no sentido das pessoas que eu conheci, foram pessoas excelentes. Muitos deles eu levo pra vida, viraram amigos pessoais”, afirma.
Mesmo assim foi um desafio dar vida à policial.
“Estar em cena, na pele na Verônica, não é nada divertido. Era muito tenso. Eu tive insônia durante o processo. Eu tive questões e tive que voltar para a terapia. Porque você fica em um estado de alerta constante”, descreve.
Até porque a personagem não descansa, ela vai além para conseguir ajudar as mulheres que correm perigo.
“A Verônica não tem uma cena que ela senta, toma uma água, olha pra cima, dá um scroll no Instagram”, aponta. “Ela está sempre com uma arma na mão, com a vida em perigo, com uma mulher que quer resgatar. Nessa terceira temporada, então, o perigo chega mais próximo e vai pra um lugar mais visceral”, adianta.
Terceira carreira de Tainá
Antes de interpretar diversos papéis no cinema e na TV, Tainá Müller foi jornalista e modelo. A artista contou que começou cedo o curso, aos 16 anos, em seu estado natal, no Rio Grande do Sul. Se formou aos 20 anos de idade e trabalhava desde o início da faculdade. Inclusive, foi jornalista da MTV local.
Mas Tainá logo percebeu que aquela não era a área que queria seguir: “Eu tinha 20 anos e já estava exausta”, confessa.
Foi aí que surgiu a oportunidade de ser modelo, algo que nunca tinha cogitado na vida.
“Achei que modelo tinha que ter pelo menos 1,80 de altura e começar com 13 anos, não com 20”, admite. “Uma amigo meu falou: ‘Manda tuas fotos porque, olha, pode ser que você ganhe em um trabalho o que você ganha em um mês aqui’. Aí mandei e, pra minha surpresa, fui chamada para ir pra Tailândia 15 dias depois. E eu fui”.
Por conta da carreira de modelo, Tainá morou na em vários países da Ásia e da Europa. Além das fotos, também fazia comerciais e até videoclipes. E então começou a ouvir muitas vezes de fotógrafos e diretores italianos: “Un’attrice, un’attrice!” e começou a questionar se, de fato, deveria ser atriz.
“Eu comecei a lembrar que fazia muito teatro na escola, apresentava todos meus trabalhos com teatro, até o trabalho de química”, recordou. “Até que um dia tive um estalo. Foi o primeiro dia que eu vi neve na minha vida, comecei a brincar, voltei aos cinco anos de idade. Foi uma sensação muito única e eu pensei: ‘Olha, eu acho que é isso que eu gosto de fazer, brincar. Talvez ser atriz seja experimentar brincar profissionalmente, o mais próximo disso'”.
Com 22 anos de idade, ela voltou ao Brasil e foi em busca de sua carreira na atuação. Hoje, aos 41 anos, a artista tem um currículo cheio de trabalhos, que inclui filmes (Cão Sem Dono) e novelas (Em Família), mas a série “Bom Dia, Verônica” foi um divisor de águas em sua trajetória.
O bate-papo completo já está disponível no YouTube da CNN Pop.
