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    Mari Palma
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    Mari Palma

    Sou jornalista, com pós em moda, neurociência e comportamento. Também sou embaixadora da Marvel, fã de Friends e Beatles, 4 vezes tia e mãe de cachorro

    Você mora longe de alguém que ama? Então vamos conversar

    Meu irmão mora nos EUA com a família há 7 anos e desde então, eu aprendi o que é viver com saudade

    Há poucos dias, eu me despedi mais uma vez do meu irmão e da família dele. Eles voltaram para os Estados Unidos depois de um mês aqui no Brasil.

    Não foi a primeira e nem a última vez que a gente deu tchau. Já perdi as contas, na verdade. Eles já vieram algumas vezes, eu já fui outras. E toda vez que esse encontro acontece, vem um sentimento muito complexo: ao mesmo tempo que eu fico super feliz, claro, parte de mim sente uma tristeza muito grande pelo tempo que passou. Pelos momentos que eu perdi. Por tudo que poderia ter acontecido e não aconteceu. Ou melhor, aconteceu. Mas eu não estava lá.

    Eu não estava lá no dia que meu irmão virou pai. Ou foi promovido. Eu não vi minhas sobrinhas darem os primeiros passinhos. Ou falarem as primeiras palavras. Eu tenho todos esses vídeos, óbvio, mas eu não estava lá. Eu não tenho essas lembranças com eles. E nem eles comigo. É um novo tipo de relação que se constrói do jeito que dá, não do jeito que a gente quer. Eu gostaria, por exemplo, de dar um abraço no meu irmão, mas o máximo que consigo é ligar por vídeo. Não é o que eu quero. É o que dá pra fazer.

    No começo, eu brigava muito com esse sentimento. Mas com o tempo, você se acostuma. E entende que, por mais que você tente se envolver no dia a dia da pessoa que mora longe, não vai ser a mesma coisa. É muito difícil – pra quem fica e pra quem vai. São renúncias diferentes em cada situação, mas todo mundo acaba se encontrando na mesma dor: a da saudade.

    Você aprende a conviver com ela. Ela faz parte do seu dia. Quando você vê uma foto e lembra de um momento especial. Ou quando acontece algo e você gostaria de dividir com a pessoa ali na hora. Ou simplesmente quando você tá fazendo nada. A saudade dá um jeito de aparecer pra te perturbar. Ela tá aqui comigo agora, inclusive. Enquanto eu escrevo esse texto.

    Depois de longos 7 anos vivendo assim, hoje eu já consigo abraçar essa saudade. Sentir de verdade. Quase agradecer por ela. Apesar de doer, ela significa também que eu tenho a sorte de ter pessoas que eu amo tanto, mesmo de longe. Um amor que me ensina todo dia a ser menos egoísta. Que me faz ficar feliz por eles, mesmo que isso signifique uma dor em mim. Que me faz entender que “estar lá” é mais do que a presença física. E que não interessa quantas despedidas ainda vão precisar acontecer, o que importa de verdade é que a gente sempre vai ter pra quem voltar.