Adversários preparam 5 focos para fazer Paes de alvo no 1º debate eleitoral
Atual prefeito do Rio de Janeiro lidera as pesquisas
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), deve ser o alvo prioritário do primeiro debate eleitoral da campanha de 2024. A afirmação é de interlocutores das principais campanhas ouvidos pela CNN.
Participarão do encontro promovido pela TV Bandeirantes os candidatos Alexandre Ramagem (PL), Eduardo Paes (PSD), Marcelo Queiroz (PP), Rodrigo Amorim (União Brasil) e Tarcísio Motta (PSOL).
Em medidas e escalas de intensidade diferentes, os quatro adversários de Paes devem fazer críticas ao prefeito do Rio. Os cinco focos prioritários elencados por interlocutores de campanha ouvidos pela CNN são: o alinhamento com a esquerda de Lula (PT), questões relacionadas à segurança pública, a falta de experiência do vice escolhido – o deputado estadual Eduardo Cavalieri -, problemas históricos e estruturais da cidade como a falta de transparência e infraestrutura, e o fator ‘trampolim’.
Esse último deve ser bastante explorado no debate. Os oponentes de Paes na eleição enxergam que ele claramente pretende deixar o cargo de prefeito em 2026, caso seja eleito, para tentar se candidatar mais uma vez ao governo do estado. Neste cenário, a eleição seria um ‘trampolim’ para alçar voos mais altos na política fluminense.
As críticas a problemas estruturais da cidade devem vir com uma pergunta: ‘o Rio de Janeiro está melhor para você desde que Paes virou prefeito?’. É que esse é o terceiro mandato do político, que está no seu décimo segundo ano comandando a segunda maior cidade do país.
Alexandre Ramagem do PL é homem próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi escolhido por ele para a corrida eleitoral na capital fluminense. Um dos fatos que são levados em consideração para medir o potencial de Ramagem é o resultado da eleição presidencial de 2022, quando Bolsonaro teve 1,9 milhão de votos (cerca de 53%) no segundo turno contra 1,7 milhão (47%) de Lula (PT).
Aliados do candidato do PL à prefeitura do Rio, no entanto, não enxergam radicalização ou agressividade na postura de Ramagem no debate. A ideia é tentar construir um perfil que mostre um policial federal concentrado, competente e estudioso, dedicado aos problemas da cidade. Por isso, a atuação dele deve passar longe das pegadinhas ou da ‘lacracação’.
O debate em si não é visto como uma oportunidade de ‘sprint’ nas pesquisas eleitorais, mas sim mais uma etapa do processo de ‘construção’ de um personagem ainda desconhecido de boa parte da população carioca.
A postura será diferente da atuação de Rodrigo Amorim (União Brasil), visto como ‘testa de ferro’, ‘ponta de lança’ ou ‘via auxiliar’ do bolsonarismo. Amorim é crítico contumaz da gestão de Paes e deve subir mais o tom, poupando Ramagem de ter de fazer ataques mais agressivos. Amorim e Ramagem são amigos. O candidato do União Brasil era vice na chapa de Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, na eleição para a prefeitura do Rio em 2016. Pessoas próximas a Amorim afirmaram que ele procurou ex-secretários que deixaram a gestão Paes para levantar informações que possam ser usadas no debate da Band.
Se apresentando como ‘independente’, Marcelo Queiroz vai se posicionar ao centro com um discurso de ser ‘contra os extremos’ e ‘contra a polarização’. Essa é a expectativa dos interlocutores do candidato do Progressistas. Ainda assim, Paes deve receber críticas do deputado federal. Um dos pontos deve ser a falta de transparência na administração municipal. Interlocutores sugerem ‘críticas comedidas’ à gestão e ‘nunca à pessoa’ de Paes, numa espécie de ‘oposição consciente’.
A postura deve ser semelhante a de Tarcísio Mota, do PSOL, que não coloca o bolsonarismo e a gestão Paes na mesma prateleira. Único representante de um partido classicamente de esquerda no debate, o deputado federal deve antagonizar com os adversários mais alinhados ao bolsonarismo, mas não deve ‘aliviar’ para o prefeito, muito embora tenda a apoiá-lo num eventual segundo turno contra Alexandre Ramagem.
Como reação a esse cenário em que é alvo, Paes deve trazer números e dados que ajudariam a exaltar os resultados obtidos nos últimos anos de gestão. Aliados o classificam como bom comunicador e escolado com críticas e entendem que, a depender do ataque, o tiro pode sair pela culatra.