Promotores fazem cruzada contra shows milionários em cidades do sertão do Ceará

Às vésperas das eleições municipais de 2024, o Ministério Público do Ceará começou uma cruzada contra cidades do interior do estado com menos de 80 mil habitantes que tem contratado estrelas do sertanejo para shows milionários a despeito das necessidades da população.

As ações envolvem seis municípios: Crateús (76 mil habitantes), Aracati (75 mil), Acaraú (65 mil), Icó (62 mil), Baturité (35 mil) e Moraújo (8 mil).

As ações se referem a comemorações de aniversário dos municípios, festas juninas, carnaval e Páscoa, entre outras comemorações municipais.

Nestes locais, os prefeitos são candidatos à reeleição, ou apoiam outros políticos para assumir a cadeira nas eleições deste ano.

Os cachês dos astros e estrelas contratados, especialmente do sertanejo, chegam a ultrapassar meio milhão de reais. Há ainda apresentações de pastores, padres e DJs renomados.

À CNN, o promotor Antonio Forte disse que esse tipo de comemoração fere os princípios básicos da administração pública. Ele alega que há outras prioridades que deveriam ser respeitados pelos chefes dos executivos municipais.

"A gente tem procedimentos na promotoria que apontam a falta de transporte para crianças com espectro autista e medicamentos básicos nessas cidades.

Pra quem alega que esse dinheiro tem que ser gasto com cultura, a gente não tem projetos pedagógicos culturais eficientes a médio e longo prazo, por exemplo, para trabalhar a musicalidade de crianças e adolescentes", afirma o promotor.

Forte é responsável por um procedimento que recomenda a prefeitura de Baturité adiar o aniversário da cidade marcado para o próximo final de semana. Os cachês dos artistas ultrapassam R$ 1 milhão.

"Queimar esse dinheiro numa noite só é um contrassenso para o Ministério Público", completa ele.

A menos de 100 km de fortaleza, a pequena Baturité tem 35 mil habitantes. O valor gasto para uma noite supera R$ 28 por morador da cidade. O MP sustenta que o evento trata de promoção pessoal do prefeito enquanto faltam médicos no município.

A recomendação do procedimento movido pelo MP é que sejam gastos "valores módicos" e "com artistas locais". Caso o pedido não seja respeitado e a festa aconteça, o MP deve entrar na Justiça com uma ação contra o prefeito.

A CNN entrou em contato com as cidades citadas e aguarda um retorno com o posicionamento.