Governo e oposição travam guerra de versões na Favela do Moinho
Secretário diz ter “pacto de confiança” com comunidade; deputada do PSOL alega “coação” de moradores
O governo paulista e a oposição travam uma guerra de versões sobre o processo de remoção de 820 famílias que vivem na Favela do Moinho, erguida ao lado das linhas 7 - Rubi (CPTM) e 8 - Diamante (ViaMobilidade), na região central de São Paulo.
“Nós abrimos uma oportunidade fora de lá para que os moradores não sejam coagidos pelo crime e partidos políticos que querem explorar a miséria das pessoas que vivem no Moinho”, disse à CNN o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Branco.
O secretário disse ter um “pacto de confiança” com a comunidade e que um busca acordo com o Ministério das Cidades para ajudar na construção de moradias para os moradores.
Em linha com o Palácio dos Bandeirantes, a prefeitura de São Paulo determinou que a Subprefeitura da Sé interdite as residências de famílias que já deixaram o local.
O governo paulista e o governo federal entraram em rota de colisão após a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) desautorizar qualquer demolição na área, que pertence à União.
Fontes do governo paulista afirmam que não foi determinado um prazo para finalizar a remoção das famílias, para que não se crie um “ambiente de pressão”. O plano para quem deseja deixar o local tem 87% de adesão dos moradores, segundo essas fontes.
A alegação do governo é de que a Favela do Moinho está localizada em uma área com alto risco de incêndios.
Por isso, foi oferecido um auxílio-moradia de R$ 800 por mês, um auxílio-mudança de R$ 2.400, e a CDHU está oferecendo contratos de moradias definitivas em unidades habitacionais.
A oposição ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), porém, contesta a versão. A deputada estadual Mônica Seixas (PSOL), que tem acompanhado a situação na Favela do Moinho, rebateu os argumentos do governo paulista.
“Mais de dez moradores me contaram que foram coagidos a deixar o local e vão acionar a Justiça. Essa é uma ação higienista”, afirmou a parlamentar.
A parlamentar articula uma audiência pública na segunda-feira com moradores, representantes da SPU e do CDHU.
Para Mônica Seixas, o governo federal tem sido “omisso” no caso.
Procurada, a assessoria do Ministério das Cidades ainda não se manifestou.



