Rita Mundim
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Rita Mundim

A comentarista de economia da CNN é especialista em Mercado de Capitais pela UFMG e em Ciências Contábeis pela FGV. Em 2024, ganhou o prêmio de Influenciadora Coop da Organização das Cooperativas Brasileiras.

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Análise: Governo tenta aprovar "mais do mesmo" em alternativa ao IOF

Proposta inclui mudanças em benefícios fiscais, tributação de apostas esportivas e fintechs, além de possíveis alterações na desoneração da folha de pagamento

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O governo federal planeja fatiar medidas alternativas ao IOF para recompor as perspectivas de arrecadação, apresentando dois projetos de lei que abordam tanto despesas quanto receitas do orçamento público.

Rita Mundim, comentarista de Economia da CNN Brasil, afirma que as propostas são "mais do mesmo", com medidas para tratar do lado de gastos e arrecadação já vistas anteriormente.

A medida da Fazenda contempla ajustes nos cadastros de beneficiários de programas sociais e mudanças na tributação de diferentes setores. Entre as medidas previstas, destaca-se o aumento do imposto das apostas esportivas e a contribuição sobre o lucro líquido das fintechs.

Para Mundim, em relação aos cortes de gastos com benefícios sociais, a visão não é otimista.

"Não acredito que vão resolver muita coisa pelo lado do corte de despesas. Principalmente porque estamos em ano pré-eleitoral", diz.

Desoneração da folha em debate

Um dos pontos mais sensíveis é a questão da desoneração da folha de pagamento, que beneficia 17 setores da economia. O tema pode acabar sendo decidido pelo STF, acredita a comentarista, já que envolve significativa renúncia fiscal.

Os setores beneficiados pela desoneração são justamente os que mais geram empregos no país, como transporte e construção civil, e uma alteração nesse ponto pode prejudicar o emprego formal no país.

"Onerar a folha de pagamento é ir contra o emprego e a formalidade. Você estimula a informalidade quando torna a folha de pagamento mais custosa", analisa.

Desafios orçamentários

Também há dificuldades para fechar as contas deste ano e de 2026. As estimativas apontam para um déficit entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões, significativamente acima do limite de 0,25% do PIB estabelecido pela nova regra fiscal.

Além disso, a comentarista relembra que desde 2023 até o final do primeiro semestre de 2025, o governo já considerou cerca de R$ 330 bilhões como despesas extraordinárias, o que impacta diretamente o endividamento público e, consequentemente, a política monetária do país.

"São despesas e nós pagamos por elas, elas significam dívida e dívida significa juros", afirma. Ela cita ainda que as medidas para além do Orçamento são "artifícios" para colocar despesas "debaixo do tapete".

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