Rita Mundim
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Rita Mundim

A comentarista de economia da CNN é especialista em Mercado de Capitais pela UFMG e em Ciências Contábeis pela FGV. Em 2024, ganhou o prêmio de Influenciadora Coop da Organização das Cooperativas Brasileiras.

Mundim: Banco Central pisa no freio enquanto governo acelera

Copom foi "duro" em seu comunicado, apontando problemas sérios na inflação brasileira

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em um ponto percentual para 14,25% nesta quarta-feira (19), enquanto o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, manteve os juros inalterados.

A decisão do Copom reflete um cenário em que o Banco Central pisa no freio, enquanto o governo brasileiro acelera com políticas públicas populistas.

O Banco Central foi "duro" em seu comunicado, apontando problemas sérios na inflação brasileira. A desancoragem das expectativas inflacionárias no país, em contraste com os Estados Unidos, está levando mais tempo do que o esperado para se ajustar.

O comunicado do Copom também ressaltou que o Brasil está crescendo acima de sua capacidade potencial, o que é conhecido como "hiato do produto positivo". Isso significa que a economia não tem capacidade instalada suficiente para suprir o aumento de consumo estimulado pelas políticas de crédito e distribuição de subsídios do governo federal.

A independência do Banco Central deve ser elogiada, pois optou por contratar outra alta de juros, mesmo em um momento delicado. É a missão do Banco Central preservar o poder de compra da sociedade brasileira, já que a economia está mais aquecida do que deveria.

Consumo e endividamento

As políticas do governo que incentivam o consumo via crédito com juros elevados exigem atenção, considerando que mais de 70% das famílias brasileiras estão endividadas e mais de 45% estão inadimplentes. Você não deve estimular consumo via crédito com o juro nesse nível, e não deve gastar o que o governo não tem, gerando déficit primário em políticas assistencialistas.

O crescimento sustentável deve vir através do investimento, aumentando a capacidade instalada para que possa haver consumo. O agronegócio, por exemplo, é um setor que vem crescendo em produtividade e eficiência, contribuindo positivamente para a balança comercial do país.

Inflação estrutural e carga tributária

Vale ressaltar que a inflação estrutural no Brasil é consequência do excesso de gastos governamentais, que aumenta a dívida e o risco do país. Além disso, há uma falta de compromisso dos governos em gerar superávit primário e reduzir gastos.

É preciso questionar quem arcará com os custos da proposta de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Considero essa medida uma "pauta eleitoral" e penalizar os "super ricos" pode desestimular o empreendedorismo e a geração de empregos no país. Nós não podemos condenar um país com esse potencial à pobreza.

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