Tainá Falcão
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Tainá Falcão

Jornalista, poetisa, mulher nordestina, radicada em Brasília com passagem por SP. Curiosa. Bicho de TV. Informa sobre os bastidores do poder

Hugo Motta decide não pautar requerimento de urgência da anistia

Decisão é feita um dia após o presidente da Câmara jantar com Lula

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), no plenário da Casa  • Mário Agra/Câmara dos Deputados
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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avisou aliados que decidiu não pautar o requerimento de urgência do projeto de lei que anistia os condenados pelos atos criminosos de 8 de janeiro de 2023.

O pedido de urgência foi protocolado pelo Partido Liberal na semana passada com o apoio de 264 deputados e precisa ser pautado pelo presidente da Casa para ser analisado. Motta decidiu um dia após jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líderes da Câmara.

Parlamentares de esquerda e de centro têm avaliado a possibilidade de revisar as penas excessivas e pretendem discutir o texto, mas não querem a aprovação da anistia ampla e irrestrita.

Após defender a anistia irrestrita, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o Partido Liberal revise o projeto de lei. A ideia, segundo apurou a CNN, é concentrar a punição apenas em quem depredou patrimônio público. A pena prevista para o crime é de três anos.

Motta tem buscado diálogo com representantes dos Três Poderes para chegar a uma alternativa de consenso, já que o governo é contrário à proposta. Neste mês, teve reuniões com Lula e com Bolsonaro.

À CNN, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, admitiu a possibilidade de flexibilização de trechos do projeto, como forma de driblar a resistência de parte do Congresso. O deputado, no entanto, rejeita a ideia de abrir mão da proposta.

Entenda

Caso Motta coloque na pauta o requerimento de urgência, o projeto de lei poderá ser analisado diretamente pelo plenário da Câmara, sem necessidade de passar por comissões temáticas ou especiais.

Se for à votação, o documento precisa de maioria absoluta (257 votos) para ser aprovado.

O projeto está parado desde 28 de outubro, quando, na véspera da votação na CCJ, o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu novo despacho para que o texto fosse analisado em outras comissões. Desde então, a comissão especial nunca foi instalada.

Isso porque o projeto divide a Câmara e a análise não é consenso. A base aliada do governo Lula é contra a proposta e quer barrar o avanço do texto, enquanto a oposição fez da proposta uma das prioridades.

Na prática, o texto não beneficia o ex-presidente Bolsonaro, que está inelegível até 2030, mas a intenção da oposição é que o perdão se estenda ao ex-chefe do Executivo, para que ele retome a elegibilidade e possa disputar as eleições no próximo ano.