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    Teo Cury

    Explica o que está em jogo, descomplica o juridiquês e revela bastidores dos tribunais e da política em Brasília. Passou por Estadão, Veja e Poder360

    Do “Cafona” ao “Sucatão”, Brasil já teve seis aviões presidenciais; veja modelos e curiosidades

    Avião utilizado por Lula não foi o primeiro a dar problema e aumentar pressão por troca; Costa e Silva passou por incidente em 1967 e vice de Fernando Henrique, em 1999

    Os presidentes brasileiros viajaram ao longo dos últimos 83 anos em ao menos seis modelos de aeronaves modificadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) exclusivamente para atender aos mandatários e suas comitivas em compromissos nacionais e internacionais.

    Os aviões presidenciais ganharam os noticiários nesta semana após a aeronave que trazia ao país o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua comitiva vindos do México ter apresentado problema técnico.

    Foi necessário dar 50 voltas no ar para esvaziar o tanque de combustível , em um período de quase cinco horas, e pousar em segurança no aeroporto de onde havia decolado horas antes.

    O episódio fez o governo retomar as discussões sobre a compra de uma nova aeronave, mas o Aerolula, como o atual modelo é chamado, não é o único avião a apresentar problemas e motivar uma discussão pela compra de uma nova aeronave.

    Lockheed 18 (VC-66)

    Lockheed 18 (VC-66)
    Lockheed 18 (VC-66) • Reprodução/FAB

    O primeiro presidente brasileiro a ter uma aeronave de uso exclusivo para suas viagens foi Getúlio Vargas. O Lockheed L-18 Lodestar foi desenvolvido e construído por uma empresa norte-americana e era utilizado para transporte e lançamento de paraquedistas durante a Segunda Guerra Mundial.

    O avião tinha capacidade para três tripulantes e 18 passageiros. A FAB operou o modelo em missões de transporte de passageiros e carga, de 1941 a 1968. A aeronave foi substituída por ser considerada limitada em autonomia e pouco confortável.

    As aeronaves presidenciais são conduzidas por militares do Grupo de Transporte Especial (GTE), uma das unidades aéreas mais antigas da FAB. O GTE surgiu como Seção de Aviões de Comando, em 4 de junho de 1941, no antigo Campo do Calabouço, hoje Aeroporto Santos Dumont, quando o Rio era capital do país.

    Em março de 1954, a Unidade passou à subordinação do Gabinete do Ministro da Aeronáutica, sendo então renomeada como Esquadrão de Transporte Especial. A denominação atual é de 1957 e a unidade foi transferida para Brasília com a fundação da cidade, em 1960.

    O GTE é responsável por transportar o presidente e autoridades do primeiro escalão da República, condução de autoridades nacionais e estrangeiras e pelo transporte de órgãos para transplante e enfermos em UTIs aéreas.

    “Cafona” (VC-90)

    Cafona (VC-90)
    Cafona (VC-90) • Reprodução/FAB

    O Vickers Viscount 789D, designado VC-90, foi o modelo escolhido para ser a segunda aeronave presidencial do governo brasileiro. O Cafona, como era conhecido nas aerovias, tinha uma capacidade maior: seis tripulantes e 40 passageiros.

    A aeronave foi entregue à FAB em outubro de 1958 e foi utilizada pelos presidentes Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart, Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Até ser desativado em 1987, o avião voou 13,8 mil horas.

    O uso do avião foi reduzido, no entanto, anos antes, logo após um acidente com o marechal Costa e Silva no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1967.

    “Procedente de Brasília, o aparelho preparava-se para alcançar a cabeceira da pista, pelo lado da Escola Naval, quando perdeu altura e tocou bruscamente o asfalto”, relatou reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

    “Nesse instante, possivelmente pelo impacto, o trem de pouso cedeu e um pneu estourou. O avião arrastou-se ‘de barriga’ na pista, a asa direita bateu no solo e um dos quatro motores pegou fogo”, diz a matéria.

    O presidente foi o primeiro a deixar a aeronave. O jornal narra que, ao deixar o avião e constatar que ninguém havia sofrido nada, além do susto, Costa e Silva comentou a pessoas mais próximas: “Agora não há mais jeito, não. Temos é que comprar outro avião”.

    BAC One-Eleven (VC-92)

    BAC One-Eleven (VC-92)
    BAC One-Eleven (VC-92) • Arquivo Flap

    A alternativa encontrada foi o modelo One-Eleven, da British Aircraft Corporation. As aeronaves foram compradas pela FAB no mesmo ano em que houve o acidente envolvendo o marechal Costa e Silva.

    Os aviões receberam a designação VC-92 e serviram aos presidentes do regime militar, entre 1968 e 1976.

    “Sucatinha” (VC-96)

    Sucatinha (VC-96)
    Sucatinha (VC-96) • Reprodução/FAB

    O Boeing 737-200 é um avião comercial com capacidade para dois tripulantes e 130 passageiros. O modelo utilizado para transportar os presidentes brasileiros, no entanto, foi modificado para comportar seis tripulantes e 40 passageiros, além de uma cabine VIP para o mandatário.

    O VC-96 transportou presidentes em suas viagens nacionais e internacionais entre 1976 e 2010. O avião serviu a Ernesto Geisel, João Figueiredo, Tancredo Neves, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula.

    A aeronave também ficou conhecida por ter transportado o corpo do presidente Tancredo Neves e viajado 11 estados brasileiros com o Papa João Paulo II.

    “Sucatão” (KC-137)

    “Sucatão" (KC-137)
    “Sucatão” (KC-137) • Reprodução/FAB

    Ao mesmo tempo em que o Sucatinha era utilizado para transportar os presidentes, outra aeronave foi comprada pela FAB em meados de 1980 e passou a ser utilizada pelos mandatários.

    O Sucatão operou de 1986 a 2013 e serviu a cinco presidentes. A aeronave foi usada pela FAB nas principais missões humanitárias promovidas pelo Brasil e em resgate de brasileiros vítimas de guerras e catástrofes.

    Em dezembro de 1999, um modelo similar ao Sucatão transportava o então vice-presidente Marco Maciel para Pequim, na China, quando uma de suas quatro turbinas pegou fogo em pleno ar. A aeronave foi forçada a pousar em Amsterdã, na Holanda.

    “O incêndio provocou uma pane no sistema hidráulico da aeronave, levando a tripulação a ter de usar um sistema emergencial para acionar o trem de pouso. O piloto conseguiu pousar em meio a um grande aparato de socorro sem provocar maiores danos à aeronave. Ninguém saiu ferido, segundo os passageiros”, contou reportagem do jornal Folha de S.Paulo na época.

    Depois do incidente, a Presidência da República optou pelo fretamento de aeronaves. Em 2003, com a justificativa de que os custos dos fretamentos eram altos, o governo decidiu comprar uma aeronave mais moderna, econômica e segura, destinada exclusivamente a viagens oficiais, tanto nacionais quanto internacionais.

    “Aerolula” (VC-1 e VC-2)

    "Aerolula"
    “Aerolula” • Reprodução/FAB (VC-1)
    "Aerolula" (VC-2)
    “Aerolula” (VC-2) •

    Após 27 anos de uso, o Sucatão passou a apresentar altos custos de manutenção, excessivo consumo de combustível e barulho acima dos níveis permitidos. Desativada como aeronave presidencial em 2005 por determinação de Lula, ela começou a ser utilizada estrategicamente no reabastecimento em voo de caças.

    Lula então encomendou uma nova aeronave. O novo modelo, o VC-1, recebeu o apelido jocoso de Aerolula pelos críticos. O nome pegou e o próprio presidente e seus ministros passaram a se referir assim a respeito do avião.

    Duas aeronaves do modelo VC-2 receberam pintura especial em 2010, em verde e amarelo, e passaram a ser operadas pelo Grupo de Transporte Especial. A FAB informou na época que o valor das aeronaves foi de R$ 211 milhões.

    A aeronave serviu aos presidentes Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e, novamente a Lula, a partir de 2023.

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