Janja monta agenda de viagens para aproximar governo de evangélicos
Pesquisa Datafolha aponta que governo Lula é considerado ruim ou péssimo por 52% dos evangélicos
A primeira-dama Janja Lula da Silva tem viajado pelo país nos últimos meses para se reunir com mulheres evangélicas em um movimento de aproximação com o segmento – em parte resistente ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e simpático a Jair Bolsonaro (PL).
Janja participou de reunião nesta terça-feira (30) em Caruaru (PE) quinta cidade visitada desde o início de julho. A primeira-dama esteve no Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Manaus (AM) e Ceilândia Norte (DF).
As viagens e encontros da primeira-dama acontecem em um momento em que o governo Lula é considerado ruim ou péssimo por 52% dos evangélicos, de acordo com o Datafolha.
Os encontros são articulados pela Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito e têm o objetivo de reunir mulheres evangélicas para entender o impacto das políticas públicas do governo federal na vida delas e de suas famílias.
Janja tem afirmado após as reuniões que os encontros discutem o papel das mulheres no enfrentamento à desigualdade social e na defesa de políticas públicas que garantam dignidade, cuidado e oportunidades.
Também são apresentadas iniciativas do governo federal voltadas à promoção de saúde, geração de renda e combate à pobreza menstrual. A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, acompanhou Janja em algumas dessas reuniões.
O perfil das mulheres que participam dos encontros com Janja é considerado estratégico para tentar vencer a resistência de parte dos evangélicos com o governo Lula.
Essas mulheres evangélicas exercem, de acordo com a primeira-dama, liderança em suas comunidades. "Mulheres são agentes de transformação em todas as comunidades que fazem parte”, afirmou no final de agosto.
As viagens ainda podem impactar a percepção que parte da população tem sobre a atuação da primeira-dama. O Datafolha mostrou em junho que 36% dos brasileiros avaliam que as ações de Janja mais atrapalham do que ajudam o desempenho do governo.
A pesquisa revelou que 14% pensam o contrário, que suas ações mais ajudam do que atrapalham a gestão do petista; 40% que avaliam que suas ações não ajudam nem atrapalham e 10% não têm opinião sobre o tema.
A atuação da primeira-dama é apenas uma das frentes de mobilização do governo em busca de se reaproximar dos evangélicos e romper com a resistência do segmento.
Janja e o presidente Lula participaram há duas semanas do podcast "Papo de Crente". Lula afirmou que evita comparecer a cultos durante campanhas eleitorais para não dar uso político aos espaços religiosos, e que não utiliza a igreja como "palanque", sem tentar "dividir" a sociedade por religião.
Janja também participou do programa. “Eu senti a necessidade de entender como as políticas públicas do governo do presidente Lula têm atingido as mulheres, principalmente das periferias, as mulheres negras… a gente não está falando de religião, a gente está falando do impacto dessas políticas na vida das mulheres”, disse.



