Análise: Bancos centrais também não sabem o que será da economia
Decisão das autoridades monetárias de Brasil e EUA evidenciam ambiente de incerteza que demanda cautela e flexibilidade


Incerteza demanda paciência, cautela e flexibilidade.
Essa foi a receita adotada pelos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos nesta superquarta, quando coincidiram as reuniões do comitê de política monetária deles e do nosso.
Outra coisa em comum entre os banqueiros centrais é que eles admitem que não sabem o que vai acontecer com a economia – nem de lá, nem de cá – como consequência da política tarifária de Donald Trump.
E, no caso brasileiro, a dúvida aumenta com a política fiscal mantendo a atividade econômica aquecida mesmo com juro nas alturas.
Aqui, o Copom avisa que para controlar a inflação — ainda bem longe da meta de 3% — vai impor ao país uma taxa de juro bem alta e por muito tempo.
Confirmando que sobrou pra ele — o BC – a tarefa de proteger a economia dos ímpetos gastadores do governo. A taxa Selic em 14,75%, decidida hoje, é a mais alta em quase 20 anos.
Esse retorno a um patamar tão distante no tempo é revelador da incapacidade que o Brasil tem de superar seus problemas fundamentais, como o desequilíbrio das contas públicas.
Lá nos Estados Unidos, o todo poderoso chefe do BC, Jerome Powell, avisou – primeiro – que não tem medo das bravatas de Donald Trump. E segundo – que não vai ajudá-lo a sair da armadilha que ele mesmo, Trump, criou com suas tarifas amalucadas e arriscadas.
Os sinais que os Bancos centrais emitiram não são alentadores.
Normalmente, os agentes econômicos olham para esses indicadores como balizas do que está por vir. Se nem eles sabem ao certo o que esperar, imagine o resto de nós.