Análise: Haddad mostra conforto e assume a força política do governo Lula
Fiel ao presidente da República, ministro mostrou que está confortável na defesa do discurso que governo amarou para defender as decisões do mandatário
A palavra que descreve a atuação de Fernando Haddad diante do tarifaço de Donald Trump é conforto. O ministro da Fazenda não deixa mais dúvidas de que seu papel é muito mais político do que econômico.
Em entrevista exclusiva à CNN, Haddad mostrou que está confortável na defesa do discurso que governo amarrou para defender as decisões de Lula. Uma postura que o fortalece no cenário eleitoral de 2026.
Fernando Haddad sempre foi o coringa do Partido dos Trabalhadores. Fiel a Lula, o ministro passou os primeiros dois anos e meio do terceiro mandato enfrentando crises sem apoio interno, ao contrário, sendo alvo do fogo amigo do PT.
Não só com críticas à condução da política econômica, mas sendo apontado como causador dos maiores problemas que o governo enfrentou até aqui.
Há poucos meses, havia dúvida se Haddad estava sendo ouvido pelo presidente da República. Hoje, ele assumiu a condução da gestão da crise do tarifaço. Os ministros petistas palacianos saíram do protagonismo dando espaço e apoio a quem antes atacavam.
O chefe da Fazenda trocou a postura técnica e moderada esperada de quem assume a pasta, pelo papel de propagador dos motes de campanha que a nova comunicação do governo Lula adotou.
Começou pela volta do discurso “nós contra eles”, ou “ricos contra os pobres” e ganhou mais força com os ataques de Donald Trump contra o Brasil.
Mesmo que o governo siga sem explicação ou resposta sobre como vai reagir à pressão da maior economia do mundo sobre o Brasil, o ministro da Fazenda parece bem confortável na figura de garoto propaganda da retórica petista.
Na entrevista à CNN, Haddad defendeu o diálogo e a negociação com os Estados Unidos, mas sob uma estratégia mais política, de ataque à oposição e a quem cobra soluções do governo federal.
Se a probalidade da queda de preços dos produtos que deixarão de ser vendidos aos americanos se confirmar, o governo pode terminar 2025 com uma inflação mais baixa e com chances do Banco Central iniciar a redução dos juros ainda este ano.
O combo econômico para a campanha política de 2026 se completa com a pressão sobre o Congresso para aprovação da isenção do IR para a classe média.
A tranquilidade de Haddad ao lidar com a ameaça que o tarifaço de Trump impõe ao país é vista por muitos empresários e economistas como falta de senso de urgência.
O ministro da Fazenda demonstra não se importar com a cobrança porque a oportunidade de colher mais ganhos políticos é mais atrativa e promissora. Pelo menos por enquanto.