Thais Herédia
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Thais Herédia

Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

Poder político de nova presidente do México assusta mercado financeiro do país

Bolsa de valores e peso mexicano tem pior desempenho entre emergentes

Claudia Sheinbaum celebra vitória eleitoral no México  • 3/6/2024 REUTERS/Alexandre Meneghini
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O mercado financeiro do México teve o pior desempenho entre países emergentes nesta segunda-feira (3). O principal índice da bolsa mexicana caía 6,35% e a moeda do país derretia frente ao dólar, que tinha alta de mais de 4% por volta das 15 horas no horário local.

A reação dos investidores à vitória de Claudia Sheinbaum, primeira mulher eleita presidente do México, surpreendeu pela intensidade negativa. A eleição de Sheinbaum, indicada pelo atual mandatário, Andrés Manual Lopez Obrador (AMLO), era mais do que esperada.

A surpresa foi a vitória avassaladora que ela deu ao partido Morena, ganhando maioria absoluta e qualitativa das cadeiras no parlamento mexicano e nos governos estaduais.

Um poder que seu padrinho político nunca desfrutou e que dá à nova presidente um caminho mais fácil para reformas constitucionais e uma política econômica mais heterodoxa.

“O AMLO e o Morena nunca tiveram as duas forças ao mesmo tempo, no Congresso e nos estados. Agora, o país ficou com um partido quase hegemônico. Os partidos de oposição foram massacrados. Sheinbaum tem a capacidade real, não é mais uma suposição, de fazer reformas constitucionais se quiser”, disse à CNN o cientista político da consultoria Prospectiva, Thiago Vidal.

Vidal destaca também a preocupação com a política econômica que será adotada por Sheinbaum. Por isso, uma das primeiras coisas que ela declarou no domingo (2) no pronunciamento público foi sobre o compromisso de fazer um governo com disciplina fiscal.

O México tem déficit nas contas públicas e dívida em alta, o que preocupa os investidores. Entretanto, a relação de dependência com os Estados Unidos acaba servindo como um contrapeso de possíveis radicalismos na economia.

“Me parece que essa reação do mercado é um pouco exagerada porque a economia mexicana é muito vinculada e dependente dos EUA e maior parte do bom momento econômico vem de lá. E não é como se fosse haver uma estatização da economia como foi Venezuela”, afirma o cientista político da Prospectiva.

A insegurança dos investidores deve arrefecer quando Claudia Sheinbaum apresentar a composição de seu governo. Há uma expectativa de que o atual ministro das finanças, Rogelio De La O, permaneça no cargo. A posse da nova presidente está marcada para outubro.

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