80% dos crimes cibernéticos estão ligados à engenharia social, diz especialista
Para especialista, pessoas sem familiaridade com tecnologia se tornam ainda mais suscetíveis aos golpes
Um novo conjunto de regras para operações via Pix entram em vigor na segunda-feira (4). As medidas fazem parte de novas resoluções do Banco Central para diminuir crimes envolvendo transações onlines em sequestros relâmpagos ou após roubos de celulares.
Embora a mudança possa contribuir para coibir alguns casos, o especialista em segurança da informação Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, diz que pessoas sem familiaridade com tecnologia se tornam ainda mais suscetíveis aos golpes.
"80% dos crimes cibernéticos estão muito mais ligados à engenharia social do que à falha tecnológica. Quanto mais simples as pessoas, mais vulneráveis elas são."
Zanini dá como exemplo as fraudes que ocorrem a partir de ligações telefônicas em que o golpista se passa por um funcionário do banco e solicita informações sigilosas, como as senhas das contas bancárias. "Com a boa-fé das pessoas, e a falta de experiência em tecnologia, elas acabam dando as informações, e os bandidos usam essa fraqueza, essa vulnerabilidade, para cometer crime."
Para além da falta de conhecimento sobre como usar o Pix de maneira segura, Zanini acredita que os próprios bancos têm o papel de aprimorar seus aplicativos.
"Por exemplo, é comum em alguns aplicativos de banco que, depois que você passa a usar outro app, ele não feche automaticamente. Então, quando você volta, ele continua com o seu usuário logado. Isso é uma quebra de segurança porque se alguém roubar o celular aberto, por exemplo, vai conseguir ter acesso ao app do banco sem precisar de identificação."
Ele acredita que as empresas se concentram muito na experiência do usuário, a fim de torná-la mais fluida, mas deixam a desejar no nível de segurança das plataformas.
Novas regras e limitações
A respeito do limite de R$ 1.000 para transferências via Pix das 20h às 6h, o especialista explica que o horário foi determinado pelo Banco Central ao observar um maior número de incidências de crime neste intervalo de tempo.
Mas faz um contraponto: "Não significa que os crimes aconteçam só das 20h às 6h, e nem que R$ 1.000 é pouco ou é muito. Por exemplo, eu acredito que a maior parte da nossa população muitas vezes nem tem R$ 1.000 disponíveis na conta, então, a fraude pode acontecer com R$ 100, R$ 200 ou R$ 300. Essa discussão é mais profunda", diz.
* supervisionado por Elis Franco