Banco BV abre programa de estágio só para mulheres com salário de R$ 2,4 mil

Ao todo, são 44 vagas para alunas de qualquer curso superior

Manuela Tecchio, do CNN Brasil Business, em São Paulo
Mulheres no mercado de trabalho
Mulheres em um escritório de coworking: estágio da BV tenta corrigir gap no mercado financeiro  • Foto: CoWomen/Unsplash
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O banco BV acaba de abrir as inscrições para a primeira edição de seu programa de estágio exclusivo para mulheres. O "Elas por Elas" vai aprovar 45 candidatas em um processo seletivo às cegas, que tem uma maratona de desenvolvimento de produto como fase eliminatória. 

A iniciativa busca trazer mais avanços na diversidade do quadro de funcionários do banco. "A diferença de gênero no mercado é um desafio para todos, mas na área de Tecnologia ou em cargos de liderança esse problema fica mais evidente", diz a responsável pela área de seleção e carreira do BV, Mariana Afonso. 

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Além da bolsa auxílio de R$ 2.401,76, as aprovadas recebem benefícios como plano médico e odontológico, vales para refeição, alimentação e transporte, folga no dia do aniversário e acesso ao Gympass — plataforma de exercícios físicos e saúde. A cultura da empresa ainda permite horário flexível e vestimentas confortáveis.

Durante o processo seletivo, serão priorizadas candidatas com formação entre junho de 2022 e julho de 2023. Não há restrição quanto ao curso ou área de estudo. As inscrições vão até o próximo dia 19 de outubro na plataforma de recrutamento da Eureca. 

As aprovadas vão passar por um programa de mentoria, que busca desenvolver essas profissionais em início de carreira e alçá-las a cargos mais altos. "A gente já trabalha com os processos às cegas desde o ano passado para neutralizar barreiras e dar a mesma oportunidade para candidatos de diferentes contextos. Precisamos criar uma rede de apoio que as empoderem e que possibilite evolução na carreira dessas universitárias", explica Afonso.

Reduzir o gap

De acordo com dados mais recentes do Fórum Econômico Mundial, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho deve demorar 257 anos para acabar. E mercados como o financeiro e o de tecnologia evidenciam ainda mais esse problema.

A questão da diversidade voltou a ser centro de uma polêmica após a Magazine Luiza anunciar seu programa de Trainee que vai aceitar apenas candidaturas de profissionais negros. Nas redes sociais, a iniciativa foi criticada por ser um ato de "racismo reverso" e por descreditar práticas reverenciadas no mercado corporativo como os princípios de "meritocracia". 

Em resposta, o presidente do Magalu, Frederico Trajano, publicou um artigo defendendo novamente o projeto no site Brazil Journal. Segundo ele, a empresa não tem a pretensão de corrigir mazelas históricas do país, mas tem sim obrigação de corrigir os problemas da própria companhia, como a falta de representatividade na direção.

Sobre a repercussão esperada do mercado para o programa de estágio só para mulheres, Afonso diz que está tranquila. "A gente tem que estar muito conectada no nossos propósitos. Esse programa foi muito discutido e quando a gente acredita que está no caminho certo, fica tudo mais fácil", conta a responsável pelo recrutamento no BV.

Soluções

Para empresas que procuram reduzir essa diferença, a especialista sênior da consultoria Mais Diversidade, Elaine Terceiro indica justamente três práticas adotadas pelo BV neste programa de estágio: o processo seletivo às cegas, o programa de entrada voltado ao público feminino e o processo de mentoria dessas profissionais.

Outras medidas recomendadas pela especialista foram: assegurar a participação de mulheres em posições-chave na hora de avaliar desempenho ou promover alguém, viabilizar programas de saúde mental para todos, mas que olhem para as especificidades das mulheres e analisar benefícios, como, por exemplo, flexibilizar a licença parental para que os pais tomem parte no processo.

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