Para professor da USP, crise hídrica deve permanecer até 2022
Além disso, a conta de luz elétrica pode ficar ainda mais cara, repetindo os aumentos que aconteceram nos últimos meses, segundo analisa Pedro Côrtes
Cinco estados brasileiros estão sob alerta de emergência hídrica — são eles Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná —, desde o dia 28 de maio deste ano. Para Pedro Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, o período de seca no Brasil deve permanecer até por, pelo menos, o primeiro semestre de 2022.
"Vejo com bastante preocupação o cenário para o segundo semestre. Vamos ter um inverno ainda mais seco do que o usual, e o período de chuvas, que começa no final de setembro, começo de outubro, incluindo o verão, também será mais seco do que o habitual", afirma.
Além disso, a conta de luz elétrica pode ficar ainda mais cara, repetindo os aumentos que aconteceram nos últimos meses, quando a conta de luz saiu do patamar de bandeira vermelha 1 para a 2. "Os governos, tanto federal quanto estadual, precisam reforçar a necessidade de economia de energia e de água, porque nós precisamos da participação de todos", afirma. "A única saída, efetivamente, é economizar."
Côrtes, no entanto, não descarta os riscos de blackout e de racionamentos de luz — mas acha pouco provável que o governo federal adote essa iniciativa. "O governo tem alternativas que vão desde o aumento da tarifa, para buscar uma redução de consumo a reprogramar o uso de energia por parte das indústrias eletrointensivas, ou seja, determinar que elas tenham o maior consumo durante a madrugada, quando a demanda não é tão grande", explica.