Petróleo fecha em alta com ceticismo por negociações entre Rússia e Ucrânia

Na semana, o contrato teve queda de 2,95%

Matheus Andrade, do Estadão Conteúdo
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Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta nesta sexta (18) em sessão marcada por maior ceticismo por uma resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia no curto prazo.

Investidores avaliam ainda sinalizações da Agência Internacional de Energia (AIE) que indicaram um pesado impacto do conflito para a produção.

Neste cenário, o nível de US$ 100 o barril, que chegou a ser perdido na semana e logo depois foi retomado, é visto por analistas como um patamar no qual os preços devem seguir ainda por algum tempo.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para maio fechou em alta de 1,42% (US$ 1,44), a US$ 103,09. Na semana, o contrato teve queda de 2,95%. Enquanto isso, o do Brent para maio subiu 1,21% (US$ 1,29), na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 107,93, tendo queda semanal de 4,21%.

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, o petróleo continuará volátil em ambas as direções, já que os riscos geopolíticos não parecem que vão desaparecer tão cedo, então o nível de US$ 100 "provavelmente está aqui para ficar".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, supostamente acusou a Ucrânia de desacelerar as negociações de paz com propostas irreais, aponta.

O mercado de petróleo ainda está muito apertado e a probabilidade de os EUA ganharem o apoio chinês para tornar a vida mais difícil para a Rússia parece menos provável no momento, avalia Moya. Uma grande desescalada na guerra ainda parece distante e isso deve manter os preços impulsionadas, projeta.

O Commerzbank aponta que as notícias da Rússia e da Ucrânia em relação às negociações de paz não "pareciam mais tão otimistas quanto antes, o que sem dúvida levou o mercado a reavaliar a situação".

O banco alemão destaca a projeção da AIE de que o mercado perderá 3 milhões de barris de petróleo bruto e derivados por dia da Rússia a partir de abril. Além disso, a agência assume que a interrupção não será de curto prazo, mas continuará até o final do ano.

Para o Commerzbank, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos poderiam preencher a lacuna expandindo sua produção, no entanto, isso consumiria a maior parte de suas capacidades sobressalentes, tornando praticamente impossível absorver quaisquer outras interrupções de produção imprevistas.

Além disso, isso comprometeria o acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), pois dificilmente a Rússia concordaria com isso, aponta. Em termos de produção, o número de poços e plataformas de petróleo em atividade nos Estados Unidos recuou 3 na última semana, a 524, informou hoje a Baker Hughes.

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