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Diversificação dá resiliência ao agro paulista, diz secretário de SP

Setor registra queda nas exportações de agosto, mas vê superávit de US$ 14 bi no ano; área técnica avalia que reflexo do tarifaço tende a surgir nos próximos meses

João Nakamura, da CNN, São Paulo
Colheitadeiras corta cana-de-açúcar em Pradópolis
Itens do complexo sucroalcooleiro são os principais da pauta do agro paulista  • 13/09/2018 - REUTERS/Paulo Whitaker
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As exportações do agronegócio paulista recuaram 15,7% entre os meses de julho e agosto, a US$ 2,72 bilhões, segundo levantamento do IEA-Apta (Instituto de Economia Agrícola) antecipado à CNN.

No acumulado do ano, as vendas agrícolas recuaram 8,4% no período, passando a US$ 18,62 bilhões. Apesar da baixa, o setor ainda registra superávit de US$ 14,76 bilhões no período.

Para Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, a diversificação dos embarques paulistas tornam o estado "mais preparado para períodos de instabilidade internacional como o atual".

O destaque da balança paulista ficou com as exportações de café (que subiram 44,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior) e carnes (+27,8%).

“O crescimento foi alavancado pelo café e a carne, demonstrando que a produção de São Paulo é diversificada e está preparada para possíveis períodos de instabilidade. O Estado de São Paulo trabalha sempre com o compromisso de gerar oportunidades de crescimento para o produtor paulista e o resultado do superávit da balança comercial é uma prova da seriedade da gestão”, avalia Piai.

O desempenho positivo vem apesar do tarifaço de Donald Trump contra o Brasil, em vigor desde o começo de agosto. Um mês após o início da aplicação da alíquota de 50%, São Paulo acredita que "ainda é cedo para afirmar que o chamado 'tarifaço' dos Estados Unidos tenha provocado efeitos concretos sobre as exportações paulistas".

Em paralelo à queda mensal geral, as exportações do agro paulista aos Estados Unidos registraram baixa de 21,9%, passando de US$ 321 milhões em julho para US$ 251 milhões em agosto.

A área técnica do IEA-Apta avalia que o recuo é pontual e reflete "ajustes de mercado e sazonalidade, [...] oscilações normais do comércio internacional e não altera a tendência de crescimento nas vendas acumuladas ao longo do ano para o mercado norte-americano".

No acumulado de janeiro a agosto, as exportações do agronegócio de SP para os Estados Unidos cresceram 19,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, passando de US$ 2,08 bilhões para US$ 2,49 bilhões.

"Como os contratos de exportação costumam ser firmados com antecedência e há estoques previamente destinados, os reflexos mais consistentes tendem a surgir nos próximos meses", pontuam os técnicos do Instituto.

"Portanto, a perspectiva institucional é de acompanhamento cauteloso: a Secretaria de Agricultura e Abastecimento seguirá monitorando os resultados mensais para avaliar possíveis mudanças de fluxo comercial e apoiar os setores eventualmente afetados."

De janeiro a agosto de 2025, as exportações do agro paulista foram concentradas em cinco grandes grupos de produtos:

  1. Complexo sucroalcooleiro: participação de 29,3% e valor de US$ 5,45 bilhões;
  2. Carnes: 14,5%, US$ 2,69 bilhões;
  3. Produtos florestais: 10,7%, US$ 1,98 bilhão;
  4. Soja: 10,5%, US$ 1,95 bilhão;
  5. Sucos: 10,3%, US$ 1,91 bilhão.

Já o pódio dos principais destinos do agronegócio paulista são:

  1. China: 24,3% de participação, sendo os principais itens produtos do complexo soja, carnes, açúcar e florestais;
  2. União Europeia: 14,3%, sucos, café, produtos florestais e demais produtos de origem vegetal;
  3. Estados Unidos: 13,4%, sucos, carnes, demais produtos de origem animal, florestais, café, sucroalcooleiro e demais produtos de origem vegetal.
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