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Entenda como governo tenta reverter restrições ao frango brasileiro

Negociações são conduzidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que vê um ambiente favorável para reverter ou flexibilizar embargos

Gabriel Garcia, da CNN, em Brasília
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Mais de 30 países anunciaram algum tipo de restrição à compra de carne de frango do Brasil após a confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul.

O governo federal já iniciou negociações com todos esses mercados para reverter ou flexibilizar os embargos.

Os esforços começaram a surtir efeito rapidamente: menos de uma semana após o anúncio da suspensão total das importações de aves brasileiras, Rússia, Armênia, Quirguistão e Belarus voltaram atrás e passaram a embargar apenas frangos do Rio Grande do Sul.

As negociações são conduzidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Técnicos da pasta explicaram à reportagem como funciona esse processo de convencimento das autoridades internacionais.

O primeiro passo é analisar como está estruturado o acordo sanitário entre o Brasil e cada país. No caso da China, por exemplo, o acordo prevê a suspensão automática e total das exportações em caso de gripe aviária.

Outros países, graças a negociações anteriores do governo brasileiro, têm acordos que já preveem a regionalização das suspensões. É o caso de Japão, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Filipinas — mercados relevantes para a balança comercial do setor.

Técnicos do Mapa explicam que esses acordos foram assinados justamente com o objetivo de lidar com eventuais registros da doença. Eles permitem que apenas o estado afetado seja alvo de restrições, evitando prejuízos maiores aos produtores de outras regiões.

O acordo com o Japão, por exemplo, foi assinado em março.

A avaliação interna era de que seria apenas uma questão de tempo até que a gripe aviária chegasse a uma criação comercial no país. Na Europa, só em 2025, já foram registrados mais de 200 casos.

Nos países cujos acordos ainda preveem suspensão total, o Mapa atua para tentar convencer as autoridades a adotar a regionalização, apresentando argumentos técnicos e atendendo às exigências específicas de cada nação.

Cada país tem suas próprias regras sanitárias, mais ou menos rígidas. Os adidos agrícolas, que atuam em representações brasileiras no exterior, têm papel importante nessas negociações, funcionando como interlocutores.

A avaliação dentro do governo é de que o Brasil tem argumentos técnicos consistentes para apresentar.

A adoção da regionalização por parte de alguns países, somada à rápida contenção do foco da doença, tem sido usada como principal argumento nas negociações com os demais mercados. O governo espera que, nos próximos 14 dias, mais países anunciem a flexibilização dos embargos.

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