Emendas em projeto das eólicas offshore podem aumentar tarifas de energia em R$ 28 bi por ano

PL já foi aprovado no Senado e tramita na Câmara, onde deve ser votado em plenário nesta terça-feira

Daniel Rittner e Mayara da Paz, da CNN, em Brasília
Governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia (MME), e o Congresso Nacional tentam regulamentar ainda neste ano a geração de energia eólica offshore no Brasil.
Custo adicional pode chegar a R$ 28 bilhões por ano nas tarifas de energia  • Imagem: Pixabay
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Associações do setor elétrico alertam que emendas incluídas no novo marco legal das usinas eólicas offshore (em plataformas marítimas) podem deixar um custo adicional de até R$ 28 bilhões por ano nas tarifas de energia.

O projeto de lei já foi aprovado no Senado e tramita agora na Câmara, onde deve ser votado em plenário nesta terça-feira (28).

O texto do relator, deputado Zé Vitor (PL-MG), incluiu uma série de medidas para estender subsídios concedidos a fontes de energia renováveis e propôs mudanças na contratação de usinas térmicas previstas na lei de privatização da Eletrobras.

A Abrace (associação que reúne grandes consumidores industriais de energia) estima um impacto potencial de R$ 28 bilhões com a incorporação dos "jabutis" -- emendas que não têm relação com o tema original do projeto.

De acordo com a Abrace, trata-se de um cálculo "conservador". Entre os pontos considerados, estão R$ 16 bilhões anuais a partir de 2031, provenientes do aumento do preço-teto para a contratação de 4.250 megawatts (MW) de térmicas a gás natural.

A contratação obrigatória de 4.900 MW de pequenas centrais hidrelétricas deverá custar R$ 8,6 bilhões por ano a partir de 2030, segundo a Abrace.

A Frente Nacional dos Consumidores de Energia menciona, ainda, a prorrogação de descontos de 50% nas tarifas de distribuição e transmissão para fontes hidrelétricas ou térmicas (biomassa, biogás, biometano) de até 30 MW por cinco anos. Depois do primeiro quinquênio, o desconto seria de 25% por outros cinco anos.

“Será mais um subsídio criado pelo Congresso Nacional às custas dos consumidores de energia, além da retirada de controles sobre a precificação do gás para as térmicas. Esse não é o caminho", disse o presidente da frente, Luiz Eduardo Barata.

Zé Vitor foi procurado pela CNN para comentar as observações feitas pelas entidades do setor elétrico, mas estava em viagem em Minas Gerais e não conseguiu retornar.

O PL das eólicas offshores faz parte de um conjunto de propostas da "agenda verde" que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), gostaria de aprovar ainda neste ano.

Essa pauta abrange ainda temas como um marco legal para projetos de transição energética (com foco no hidrogênio verde) e a criação de um mercado regulado de carbono no Brasil.

Veja também: Arrecadação do governo federal cresce e atinge R$ 215 bi em outubro

Publicado por Amanda Sampaio, da CNN.

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